Uma enorme estrela desapareceu misteriosamente em 2009. O Webb descobriu o que se passou

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P. Jeffries (STScI) / NASA, ESA

Conceito artístico da “supernova falhada” N6946-BH1

Afinal a N6946-BH1 não era uma “supernova falhada”. O que parecia ser uma única estrela brilhante era na verdade um sistema estelar que se iluminou devido à fusão de duas estrelas.

Há 14 anos, uma estrela massiva 25 vezes maior do que o Sol desapareceu misteriosamente, deixando os astrónomos muito desorientados.

Entre março e maio de 2009, a luminosidade desta estrela aumentou rapidamente até atingir um valor igual a pelo menos um milhão de vezes a do nosso Sol, após o que começou a desaparecer.

Em 2015, a estrela tinha desaparecido completamente da nossa vista.

Chamada N6946-BH1, a estrela desaparecida foi inicialmente considerada uma “supernova falhada”, devido ao aumeto repentino da sua luminosidade, como acontece com as supernovas, antes de escurecer repentinamente.

No entanto, reporta o Universe Today, um estudo recente, que analisou novos dados do Telescópio Espacial James Webb (JWST), vem agora colocar em causa suposição.

O estudo, pré-publicado a semana passada no arXiv, usou dados dos instrumentos NIRCam e MIRI do JWST e revelou uma fonte de infravermelhos brilhante no local onde a estrela foi observada pela última vez.

A fonte parece ser uma concha de poeira remanescente, possivelmente material ejetado quando a estrela se iluminou. Alternativamente, poderia ser um brilho de infravermelhos emitido por material a cair num buraco negro.

Curiosamente, o estudo encontrou três objetos remanescentes, e não apenas um. A resolução dos telescópios usados até agora para analisar o fenómeno não era suficientemente alta para separar estas fontes, tornando menos provável a hipótese de que se tratasse de uma supernova falhada.

Os investigadores estão agora mais inclinados para a possibilidade de que o aumento de luminosidade em 2009 tenha sido resultado de uma fusão estelar. A hipótese sugere que o que parecia ser uma única estrela brilhante era na verdade um sistema estelar que se iluminou devido à fusão de duas estrelas — para depois desvanecer.

Embora os dados apoiem o modelo de fusão, não descartam completamente a teoria da supernova falhada, complicando a nossa compreensão de supernovas e buracos negros de massa estelar.

A distância a que N6946-BH1 se encontra da Terra, a 22 milhões de anos-luz, torna ainda mais notável a capacidade do JWST de distinguir múltiplas fontes.

Esta capacidade dá também aos astrónomos a esperança de que estrelas semelhantes possam vir a ser observadas no futuro, ajudando-nos a compreender as fases finais das estrelas e a sua transformação em buracos negros de massa estelar.

A investigação em curso e os dados futuros serão cruciais para que possamos separar claramente as fusões estelares das supernovas falhadas, e aumentar os nossos conhecimentos sobre o complexo ciclo de vida das estrelas.

Armando Batista, ZAP //

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