Medidas como a proibição de circulação entre concelhos e o recolher obrigatório “são mais simbólicas do que eficazes e efectivas” no combate à covid-19, defende o médico e investigador Carlos Martins, considerando que seria mais eficiente fechar cantinas escolares, restaurantes e bares e cancelar festas e casamentos.
Neste momento, temos uma “pandemia descontrolada”, analisa o investigador e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Carlos Martins, em entrevista ao Expresso.
“Estão a ser procuradas medidas de uma forma quase desesperada, quando, no fundo, tivémos tempo mais que suficiente para nos prepararmos enquanto país”, critica ainda o também médico de Medicina Geral e Familiar.
Carlos Martins considera que “desdenhámos de evidências científicas de que isto ia acontecer desta forma e de que a segunda vaga seria, de forma natural, pior do que a primeira” e conclui que houve “um certo facilitismo”.
Mas o médico acredita que “há caminhos alternativos” ao confinamento da primeira fase.
Fechar cantinas escolares, restaurantes e bares
“Sabemos que há uma circunstância que promove os contágios: quando pessoas estão próximas umas das outras e sem máscara” e que “é sobretudo em ambientes fechados que essa proximidade sem máscara entre as pessoas promove um maior risco de contágio”.
Ora, é “nos restaurantes e nos bares”, bem como “em ajuntamentos de jovens – que se juntam até em casa uns dos outros”, “nas cantinas, nas aulas de educação física e ainda quando as famílias se visitam umas às outras ou se reúnem para festas, como baptizados e casamentos” que ocorrem situações de maior risco.
Assim, este profissional de saúde entende que “as medidas devem ser dirigidas para este fim”.
Portanto, defende o encerramento de restaurantes, cantinas escolares e bares, além do cancelamento de festas e casamentos.
Por outro lado, o médico duvida muito da “eficácia” de medidas como o recolher obrigatório, embora note que é “um caminho alternativo” para “limitar o uso nocturno dos bares e dos restaurantes”.
Porém, “a eficácia desta medida vai ser muito limitada“, nomeadamente “se permitirmos que, durante o dia, os restaurantes e os bares em ambiente fechado continuem a funcionar”, constata Carlos Martins, realçando que o mesmo se aplica “para as cantinas escolares, as aulas de educação física e os encontros familiares, as festas de casamento, por aí fora”.
“A restauração e os bares realmente são um ponto crítico“, afiança ainda, considerando que “uma das actividades de maior risco em sociedade é estarmos num restaurante em ambiente fechado”, onde “nem a distância mínima de dois metros é protectora”.
Assim, entende que a “quantidade de pessoas permitida dentro do restaurante deveria ser mais reduzida”, até porque “em restaurante tiramos a máscara, temos tendência para falar mais alto, para rir, e sabemos que a quantidade de partículas com vírus que é expelida quando a pessoa fala mais alto, se ri ou canta é significativamente maior do que quando estamos a conversar num registo mais sereno”.
Quanto à proibição de deslocação entre concelhos, é outra medida alternativa que “tenta diminuir as visitas das famílias umas às outras” e que “é bem intencionada, mas vai ser muito limitada no tempo para trazer um impacto real”.
“Está a falhar tudo” no SNS
Carlos Martins também lamenta a “falta de transparência por parte da DGS [Direcção Geral de Saúde] e do Ministério da Saúde”, criticando medidas “incoerentes” que permitiram a realização de eventos como o Grande Prémio de Fórmula 1, o Primeiro de Maio e a Festa do Avante e que, agora, “proíbem a ida a um cemitério ao ar livre”.
O investigador defende que devia ser feita uma “comunicação com pedagogia positiva apelando intensamente à população para que as famílias de diferentes agregados, nesta fase, não se visitassem umas às outras“.
Quanto à situação no Serviço Nacional de Saúde (SNS), Carlos Martins refere ao Expresso que “está a falhar tudo”.
“Aquele excesso de mortalidade que já se verificou na primeira vaga pode agora ser muito maior se não implementarmos medidas urgentes” que estão “relacionadas com a organização dos cuidados de saúde em que temos de usar recursos diferentes, medidas diferentes e inovadoras”, alerta ainda.
O médico propõe, por exemplo, accionar a Protecção Civil, os bombeiros e até cidadãos voluntários para fazerem o rastreio de contactos de infectados e seguirem os doentes mais ligeiros. Uma medida que permitiria tirar peso aos médicos para que possam tratar dos doentes.
Como exemplo, o investigador fala da Alemanha, onde “os militares do exército” estão a prestar apoio em contact centers.
Assim, considera que se devia envolver “o exército, as outras forças militares, estudantes de enfermagem e de medicina” nesta batalha, pois “este caminho “à sueca” é o mais rápido para o segundo confinamento”, conclui.
Refere uma proibição de ir a cemitérios que NÃO existe.
Como é que não existe ? Brincamos ? Uma pessoa mora em qualquer sítio e tem raízes noutro concelho como é que vai ao cemitério ? Fale do que sabe …
Claro que os cemitérios não estão proibidos de abrir, mas haviam de estar porque as pessoas estão muito juntas por causa das campas, quanto ao que este senhor investigador diz, é muito facil opinar!
Há bom senso em algumas das afirmações proferidas, no entanto, é preciso não generalizar ou comparar eventos públicos cuja realização não é comparável, casos da Festa do Ávante, do 1º
de Maio, do Grande Prémio da Fórmula I, da visita às ondas da Nazaré, de espectáculos musicais, todos realizados ao ar livre, mas onde somente em alguns houve capacidade para seguir com rigor e disciplina as regras de segurança preconizadas pela pela DGS.
Há bom senso em algumas das afirmações proferidas, no entanto, é preciso não generalizar ou comparar eventos públicos cuja realização não é comparável, casos da Festa do Ávante, do 1º
de Maio, do Grande Prémio da Fórmula I, da visita às ondas da Nazaré, de espectáculos musicais, todos realizados ao ar livre, mas onde somente em alguns houve capacidade para seguir com rigor e disciplina as regras de segurança preconizadas pela pela DGS.
Super mercados não?? Se toda a gente tivesse um ordenado como o sr. entrevistado e se calhar ainda pode estar em casa!!! ou então descubriu uma forma de toda a gente receber um ordenado do estado para ficar em casa, e os empresários receberem para ter as empresas fechadas. Há famílias inteiras que estão e outras vão morrer por simplesmente perderem os rendimentos ou negócios que até aqui eram seguros.
Quando souberem a solução para isto venham dar entrevistas
Penso que este senhor ao opinar assim não conhece todas as medidas que os restaurantes e bares tem de seguir para estarem a funcionar, sinto-me mais seguro em alguns bares e restaurantes do que nas diversas vezes em que tive de me deslocar aos hospitais e centros de saúde. São opiniões que são feitas por quem não tem conhecimento de causa.
Ninguém proíbe ninguém de ir aos cemitérios. Esta medida apenas tenta evitar que as pessoas se encontrem, que se desloquem até aos locais onde têm a família viva e desaparecida para celebrarem o dia de todos os santos ( o pão por Deus), tentando evitar, desta forma, a disseminação do vírus em zonas aonde ele ainda não chegou. Parece-me sensata a decisão.
Caro sr. investigador, parece que tem muitas aptidões para político, não chega o que o governo tem aterrorizado o povo e vem você meter mais achas na fogueira.
O vírus ganhou asas, nos restaurantes voa de um prato para outro, quer fechar a restauração?
E os casamentos e baptizados, acabam também?
É que estes eventos são um foco de contaminação muito grande e depois morrem os idosos nos lares, infectados por irem aos restaurantes, aqueles que estão confinados por natureza.
Sejam sérios e deixem de atormentar as pessoas com ideias da treta.
Sabe bem, é um alívio psicologicamente, mas de facto todos os dias nos restaurantes deitamos por terra a maior parte do esforço que fizemos o dia inteiro para travar o Covid, todos sabemos isso, sentimos essa culpa, mas assobiamos para o lado ao comer uma azeitona.
Que eu saiba, não tenho conhecimento de trabalhadores na área de restauração infectados que justifique o seu fecho. Trabalho na restauração, conheço muitos colegas como eu e nada se passou até hoje. Enfim, mais uma opinião para criar confusão. Já agora, reduzir o horário de funcionamento para evitar ajuntamentos!! Não seria melhor haver alargamento de horário, assim talvez se evitassem concentração de pessoas, mas o Sr. Dr. é que sabe
Bem visto!
Ser-se racional parece estar em crise.
E que tal os políticos e os repórteres darem o exemplo, e ficarem em teletrabalham? em vez de andarem pelo país a passearem em ajuntamentos de mais de 5 pessoas, é cada vez que falam tiram a máscara, então o uso da máscara não é obrigatória ou é só para os outros!
Haja coerência no discurso e nas ações!! Ou estás duas classes têm mais previlegios que a generalidade dos portugueses!?
As aulas de educação física e os treinos dos jovens, em qualquer modalidade, são seguros, os profissionais cumprem à risca as determinações da DGS, em muitos casos indo até mais além. Acrescente-se que a atividade física é essencial para a manutenção da saúde física e psicológica, aumentando ainda os níveis de imunidade do organismo. Considerar isto uma situação de risco, não é compreensível. Risco é deixar os jovens sem atividade física.
Já andar de comboio, metro, autocarros e barcos à pinha já não há problema nenhum…
Não vejo assim. Creio que ônibus esteja muito mais à frente do que ônibus.