Sunak é “incerto e fraco”, diz ministra demitida

Suella Braverman – a ministra britânica que foi despedida esta segunda-feira – acusou o primeiro-ministro britânico Rishi Sanak de ser “incerto e fraco”, sublinhando que não tem as qualidades de liderança que o Reino Unido precisa. Esta quarta-feira, o país declarou “ilegal” o plano para deportar imigrantes para o Ruanda, e Sunak já procura alternativas.

A ex-ministra do Interior britânica, demitida esta segunda-feira, acusou o primeiro-ministro Rishi Sunak de ter uma postura “incerta, fraca” e de trair as promessas feitas aos britânicos.

Numa carta de demissão, Suella Braverman considerou que o primeiro-ministro britânico “falhou manifesta e repetidamente” no cumprimento de promessas essenciais e alegou que ele “nunca teve qualquer intenção” de as cumprir.

Sunak demitiu Braverman por telefone, esta segunda-feira, depois de esta ter feito uma série de declarações inadequadas que se desviaram da linha do governo.

Nas últimas semanas, qualificou os sem-abrigo como uma “escolha de estilo de vida” e acusou a polícia de ser demasiado branda com os protestos pró-palestinianos, aos quais chamou “marchas de ódio”.

Braverman inflamou tensões

Os críticos acusaram a linguagem de Braverman de contribuir para inflamar tensões.

Na carta, a antiga ministra revelou que Sunak rejeitou os apelos para proibir as manifestações pró-palestinianas que pediam um cessar-fogo em Gaza.

“O Reino Unido está num ponto de viragem da nossa história e enfrenta uma ameaça de radicalização e extremismo como não se via há 20 anos. Lamento dizer que a sua resposta tem sido incerta, fraca e sem as qualidades de liderança de que este país precisa”, escreveu.

Na remodelação governamental na segunda-feira, Rishi Sunak transferiu para o lugar de Braverman o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, James Cleverly, que foi substituído pelo antigo primeiro-ministro David Cameron.

Sunak combate imigração ilegal

Rishi Sunak, afirmou que vai “ponderar os próximos passos” sobre o combate à imigração ilegal após o Tribunal Supremo ter declarado ilegal o plano de deportar requerentes de asilo para o Ruanda.

“Tomámos conhecimento da decisão de hoje e vamos agora ponderar os próximos passos. Não era este o resultado que queríamos, mas passámos os últimos meses a planear todas as eventualidades e continuamos totalmente empenhados em parar os barcos”, afirmou Sunak, em comunicado.

O Tribunal Supremo britânico declarou hoje “ilegal” o plano do Governo britânico de deportar imigrantes ilegais para o Ruanda, concordando com os receios de que o país africano não é um destino seguro.

Que plano era este?

Anunciado há um ano e meio, durante o Governo de Boris Johnson, o objetivo era enviar alguns migrantes que chegam ao Reino Unido como clandestinos ou em pequenos barcos através do Canal da Mancha para o país da África Oriental, onde os seus pedidos de asilo seriam processados.

Os que obtivessem asilo ficariam no Ruanda, em vez de regressarem ao Reino Unido.

O Governo britânico argumentou que esta política pretendia dissuadir as pessoas de arriscarem as suas vidas ao atravessar uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo e iria destruir o modelo de negócio de grupos de contrabando de pessoas.

Na leitura da sentença, o juiz Robert Reed explicou que em causa estava saber neste caso “se existem motivos substanciais para acreditar que os requerentes de asilo enviados para o Ruanda estariam em risco real de repulsão”, ou seja, o envio forçado para países onde estariam em risco de perseguição e de outros tratamentos desumanos.

Sunak reivindicou no comunicado que “o Tribunal Supremo – tal como o Tribunal de Recurso e o Tribunal Superior antes dele – confirmou que o princípio de enviar migrantes ilegais para um país terceiro seguro para processamento é legal”.

A imigração ilegal destrói vidas e custa aos contribuintes britânicos milhões de libras por ano. Temos de acabar com ela e faremos tudo o que for preciso para o fazer. Porque quando as pessoas souberem que, se vierem para cá ilegalmente, não poderão ficar, deixarão de vir e nós pararemos os barcos”, concluiu.

ZAP // Lusa

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