O Sindicado dos Médicos da Zona Sul (SMZS) denunciou hoje o que diz ser uma “mobilização forçada de médicos” pela Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo para o combate ao surto de covid-19 de Reguengos de Monsaraz.
A estrutura sindical diz ter tomado conhecimento de que a ARS “emitiu uma determinação” que obriga os profissionais “do Agrupamento de Saúde do Alentejo Central, do Hospital do Espírito Santo de Évora e da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano” a prestar “cuidados a tempo inteiro” aos utentes do lar onde foi detetado um surto da doença em 18 de junho.
“Uma atitude autocrática que carece de sustentação legal, uma vez que a deslocação para outro concelho diferente do local habitual de trabalho apenas poderá ocorrer se existir concordância expressa do médico”, refere o comunicado enviado à agência Lusa.
Nesse sentido, e por não estar em vigor “qualquer Decreto-Lei de estado de emergência”, o SMZS considera “abusiva” a mobilização forçada dos médicos sob a tutela da ARS Alentejo e promete encetar “todas as ações no plano sindical e jurídico que forem necessárias”.
“Não pondo em causa o dever de todos os médicos de prestar cuidados“, o SMZS já disponibilizou aos seus associados uma minuta de manifestação de indisponibilidade “para o cumprimento da determinação autoritária da ARS Alentejo”, adianta o comunicado assinado pela direção do sindicato.
O SMZS acusa ainda a ARS Alentejo de fazer uma gestão dos recursos médicos “sem qualquer planeamento” e diz que “a ausência de recursos humanos é da inteira responsabilidade do Ministério da Saúde” e que não pode ser colmatada “à custa da exaustão dos profissionais que estão a linha da frente”.
A Lusa contactou a Administração Regional de Saúde do Alentejo e aguarda uma reação às acusações do SMZS.
Em 18 de junho foi detetado um surto de covid-19 no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, em Reguengos de Monsaraz, que segundo a última atualização da autarquia local já fez nove mortos e tem 143 casos ativos.
Na terça-feira, a ARS Alentejo confirmou à Lusa que suspendeu as férias a todos os médicos, enfermeiros e outros prestadores de cuidados primários do distrito de Évora, até 10 de julho, na sequência do surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz.
Nesse dia, também o Sindicato Independente dos Médicos lançou críticas à ARS Alentejo, exigindo a revogação imediata da medida e acusando a entidade regional de saúde de não estar a “otimizar os recursos disponíveis para combater da melhor forma” o surto de covid-19 naquele concelho do distrito de Évora.
// Lusa