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Semana de quatro dias em Portugal? “É difícil…”

Amanda Bicknell / Wikimedia

Conselho Nacional das Confederações Patronais abordou diversos temas, como o salário mínimo ou o IRC.

O Conselho Nacional das Confederações Patronais (CNCP) concedeu uma conferência de imprensa nesta quarta-feira, abordando vários assuntos do trabalho e da economia nacionais, como a subida do salário mínimo.

O Governo tem a intenção de colocar o salário mínimo nos 900 euros, daqui a quatro anos, mas António Saraiva pede calma e defende que essa subida deve ser discutida em concertação social, em vez de um decreto do Executivo.

E é contra uma estimativa concreta de números: “Definir num horizonte de legislatura que o salário mínimo, que não deixa de ser um referencial para os outros salários, deve ser este ou aquele, sem ter em atenção a imprevisibilidade que cada vez mais caracteriza as economias, sem incorporar as ameaças externas… Seria qual adivinhação a determinar que em 2026 vamos chegar aqui ou ali“.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal admite que todos querem atingir esse objectivo ambicioso, mas não concorda com a “quantificação” dessa meta: “Estar a prever este ou aquele objetivo perfeitamente quantificado não nos parece o mais lógico. Até desejaríamos que a subida pudesse ser maior”, acrescentou, esperando que este novo ciclo político seja sinónimo de um “crescimento mais robusto, sustentável e duradouro” da economia portuguesa.

Em relação ao Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC), a intenção do CNCP é reduzir gradualmente essa taxa marginal para 17% (está nos 21%).

A entidade quer também uma “atitude diferente” para as empresas que criam emprego e riqueza para o país.

Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, foi questionado sobre a possibilidade de, em Portugal, se passar a trabalhar quatro dias por semana, em vez de cinco – o Partido Socialista disse, durante a campanha para as eleições legislativas 2022, que deverá haver um debate “amplo” sobre o processo.

“É um assunto que vai ter que ir à concertação social. Mas se estamos a dizer que temos de alterar uma situação muito clara, que é de uma estagnação, acho que se a primeira medida para essa estagnação é passar de cinco dias para quatro dias… É difícil“, comentou Calheiros, que não prevê a adopção dessa medida em Portugal. Pelo menos, nos próximos tempos.

Manuel Reis Campos, líder da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras, não percebe porque o sector da construção civil continua sem mão-de-obra suficiente: “Estimamos que temos uma carência de 80 mil trabalhadores; os centros de emprego registam 30 mil desempregados no nosso sector. Se querem trabalhar, se têm saúde, não percebo porque esses 30 mil não podem ingressar no nosso sector”.

Confrontado com uma eventual subida na contestação nas ruas por parte de sindicatos, António Saraiva, que também é porta-voz do CNCP, afastou-se dessa ideia: “O jogo da democracia ganha-se no Parlamento e não depois na tentativa de, em secretaria, adulterar o que a população portuguesa exprimiu no momento de votar. Por isso, as previsões de subida de contestação social são tentativas de ganhos em secretaria“.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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