As amostras revelam mudanças sofridas pela superfície do asteróide Ryugu, algumas causadas pelo bombardeamento de micrometeoróides.
A análise das amostras recuperadas do asteróide Ryugu, pela sonda Hayabusa2 da Agência Espacial Japonesa, revelou detalhes sobre o ambiente de bombardeamento magnético e físico do Espaço interplanetário.
A equipa da Universidade de Hokkaido, juntamente com colaboradores de outras 13 instituições no Japão, usou as ondas de eletrões que penetraram nas amostras para descobrir mais pormenores da estrutura do asteróide. Para obter mais informações acerca das propriedades magnéticas e elétricas, usaram uma técnica chamada holografia eletrónica.
Segundo o EurekAlert, uma enorme vantagem de recolher amostras diretamente de um asteróide é que permite aos cientistas examinar os efeitos de longo prazo da sua exposição ao ambiente espacial.
O vento solar e o bombardeamento por micrometeoróides causam mudanças conhecidas como “intemperismo espacial”, alterações essas impossíveis de estudar com precisão através da maioria das amostras de meteoritos que pousam naturalmente na Terra.
As assinaturas da meteorização espacial nestas amostras vão dar aos investigadores uma visão mais acertada de alguns dos fenómenos que acontecem no nosso Sistema Solar.
É o caso da força do campo magnético, por exemplo, que, no início do Sistema Solar, diminuiu à medida que os planetas se formaram. Medir a magnetização remanescente nos asteróides pode revelar informações sobre o campo nas fases iniciais.
Além disso, em investigações futuras, estes resultados poderão “ajudar a revelar as idades relativas das superfícies em corpos sem ar e auxiliar na interpretação precisa dos dados de deteção remota obtidos”, detalhou Yuki Kimura, investigador da Universidade de Hokkaido.
Neste estudo, a descoberta de pequenos grãos minerais chama particularmente a atenção. Os chamados framboides são compostos de magnetita, uma forma de óxido de ferro, e perderam completamente as suas propriedades magnéticas normais.
A equipa sugere que tal aconteceu devido à colisão com micrometeoróides de alta velocidade, com 2 a 20 micrômetros de diâmetro.
Dado que os framboides estavam rodeados por milhares de nanopartículas metálicas de ferro, a análise futuras destas partículas poderá revelar informações sobre o campo magnético em que o asteróide esteve inserido durante longos períodos de tempo.
O artigo científico foi recentemente publicado na Nature Communications.