Rolex dela Pena / EPA
Gary Neville, antigo companheiro de Cristiano Ronaldo no Manchester United que tem criticado o avançado, considera que não foi o desempenho do capitão de Portugal que desiludiu no Mundial 2022, mas antes a performance “muito pobre” da Selecção lusa.
Não foi Ronaldo que teve um “baixo rendimento”, mas antes a Selecção Portuguesa, defende Neville em declarações ao canal britânico Sky Sports, onde é comentador.
“Portugal foi muito pobre naquela meia hora final contra Marrocos e não teve nada a ver com o Cristiano, mas com Bernardo Silva e Bruno Fernandes e com a forma como jogaram”, frisa o antigo internacional inglês, considerando que a “táctica” escolhida por Fernando Santos para o jogo “foi errada”.
“Fiquei mais desiludido com a prestação de Portugal como colectivo do que com Cristiano Ronaldo”, constata ainda o ex-jogador que foi colega de equipa do capitão das quinas na primeira passagem deste pelo United.
Argentina joga para “as forças de Messi”
Neville usa o exemplo da Argentina e de Lionel Messi para realçar como as duas Selecções têm tratado de forma distinta os seus maiores craques.
“A Argentina uniu-se em torno de Messi” para jogar para “as suas forças”, analisa Neville, admitindo que acreditava que a Selecção Portuguesa ia fazer o mesmo no Mundial.
“Mas algo aconteceu durante a competição“, levando Fernando Santos a retirar Ronaldo do onze titular, aponta ainda Neville. “Deixar o Cristiano Ronaldo de fora, não é como deixar qualquer outro jogador de fora“, destaca.
“Nenhum jogador gosta” de ser excluído do onze pelo treinador, mas quando acontece com um avançado como Ronaldo, “torna-se uma história global”, acrescenta.
O antigo futebolista inglês assume também que sentiu “pena” do capitão português quando o viu sair a chorar pelo túnel de acesso aos balneários depois da eliminação de Portugal diante de Marrocos.
“Isso nunca é uma boa imagem porque ele está a pensar que nunca mais vai jogar neste torneio”, nota.
“É um sucesso fazer o que tem feito com 37 anos”, diz ainda, considerando apenas “a forma como terminou, fora da equipa” é decepcionante.
“Adorava que ele continuasse na Premier League”
Agora, quanto ao futuro de Ronaldo, Neville não duvida de que “Cristiano tem que jogar” e que o “clube que o contratar tem que saber isso”.
A não ser que haja “uma mudança de coração” em que Ronaldo admita jogar nuns jogos e não em outros, e “competir pelo seu lugar”, salienta, frisando, contudo, que isso não “correu particularmente bem” no Manchester United, nem na Selecção Portuguesa.
“Ele é um dos melhores jogadores que já jogou o jogo”, destaca, frisando que “a pressão de o ter no banco”, sendo ele tão mediático e “tão grande com os adeptos e com os media”, é “quase como um íman para problemas para o clube pelo qual ele jogar”.
“O foco passa a ser o jogador que não está a jogar em vez dos que estão em campo” e isso pode ser “uma distracção” negativa, assume.
Assim, a decisão quanto ao futuro tem de ser tomada “com muito cuidado” quer pelo potencial futuro clube de Ronaldo, quer pelo próprio jogador.
Mas Neville espera que o avançado português encontre “a felicidade num clube que o meta na equipa e a marcar os golos que sabemos que ele vai marcar”. O comentador da Sky Sports acredita que ainda “pode marcar 20 golos em 20 jogos”.
O ex-atleta do United também diz esperar que Ronaldo encontre uma equipa nas “grandes Ligas”. “Adorava que ele continuasse na Premier League e que o pudéssemos ver todas as semanas a jogar. Queremos vê-lo a jogar”, salienta.
Neville foi muito crítico de Ronaldo depois de este se ter recusado a entrar, como suplente, no jogo do Manchester United contra o Tottenham. Na altura, defendeu a sua saída do clube – a rescisão só aconteceu depois da polémica entrevista de Ronaldo.
Pelo meio há um episódio em que Ronaldo cumprimentou vários comentadores da Sky Sports, em pleno relvado de um jogo, ignorando por completo Neville.
“Ronaldo deveria ter partido com estádio a aplaudir”
Sobre a saída de Ronaldo do United, outro antigo jogador do clube inglês, Antonio Valencia, considera que “é uma pena” que tenha saído em ruptura com o clube e com os adeptos.
“Um jogador como ele deveria ter partido com o estádio cheio a aplaudi-lo. Os adeptos adoravam-no”, refere Valencia, considerando que “a entrevista que deu foi lamentável” e que “doeu”.
Totti sabe ” o que Ronaldo está a sentir”
Entretanto, o italiano Francesco Totti, ex-jogador da AS Roma, diz que sabe “o que Ronaldo está a sentir”. “Sei como é ser empurrado para o lado quando passaste por uma óptima fase”, aponta o avançado.
“Quando olho para os últimos meses de Ronaldo, parece que estou a reviver a minha própria experiência“, assume.
Mas, apesar do mau momento, Totti lembra que Ronaldo “é um dos melhores da história” e que “temos de o respeitar”.
Leitura enviesada.
Claro que, além de Ronaldo e talvez antes de Ronaldo (pelo facto de o ter convocado – não está ao nível dos restantes do equipa), a culpa principal recai em Fernando Santos. Mas o Ronaldo não está no mesmo patamar dos restantes elementos (R Leão, G Ramos, R Dias) e por isso, foi o fracasso. Já foi bom jogador. Mas já não é.
Lamentável que o técnico tenha tirado Ronaldo do time, no jogo contra Suiça ele teria feitos os gols que seu substituto fez, então Portugal iria para quartas com muito mais intensidade. Fernando matou a seleção Portuguesa com esta atitude.