Uma equipa de investigadores conseguiu capturar as medições mais precisas do brilho fraco que permeia o Universo, um fenómeno conhecido como fundo ótico cósmico.
O Espaço pode parecer muito escuro aos nossos olhos, mas os cientistas acreditam que existe um leve brilho que nos passa despercebido.
A verdade é que, desde o início do cosmos, trilhões de galáxias com inúmeras estrelas formaram-se e morreram, deixando para trás uma luz impercetivelmente fraca.
Recentemente, uma equipa da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, capturaram o quão brilhante é esse brilho, com as estimativas a sugerirem que o fundo ótico cósmico é cerca de 100 mil milhões de vezes mais fraco do que a luz solar que atinge a superfície da Terra – demasiado fraca para os humanos conseguirem ver a olho nu.
Os resultados podem ajudar os cientistas a esclarecer a história do Universo desde o Big Bang. “Somos como contadores cósmicos, a somar todas as fontes de luz que podemos explicar no Universo”, salientou Michael Shull, citado pelo EurekAlert.
O investigador explicou que, após décadas de investigação, os astrofísicos consideram ter uma boa ideia de como evoluiu o Universo. As primeiras galáxias formaram-se durante uma época conhecida como Aurora Cósmica, várias centenas de milhões de anos após o Big Bang. A luz estelar das galáxias atingiu o seu ponto mais brilhante há cerca de 10 mil milhões de anos e tem diminuído desde então.
Medições precisas do fundo ótico cósmico podem ajudar os cientistas a confirmar se esta evolução faz ou não sentido, ou se existem objetos misteriosos a iluminar o Espaço. Contudo, fazer esta medição não é uma tarefa fácil, especialmente na Terra.
Mas a New Horizons deu aos cientistas uma oportunidade única de conseguir atingir uma medição precisa.
No ano passado, e ao longo de várias semanas, a equipa apontou o Long Range Reconnaissance Imager (LORRI) da New Horizons para 25 manchas do céu.
Mesmo na borda do Sistema Solar, havia muita luz extra a impedir uma medição precisa do brilho. A Via Láctea, por exemplo, fica dentro de um halo que acumula poeira e, portanto, dificulta esse trabalho.
Foi então que os cientistas decidiram estimar a quantidade de luz que esse halo era capaz de gerar, tendo subtraído o resultado do total que estavam a conseguir ver com o LORRI. Após se verem livres destas fontes adicionais de luz, os investigadores conseguiram ficar apenas com o fundo ótico cósmico.
Em termos científicos, esse fundo equivale a cerca de 11 nanowatts por metro quadrado por esterradiano (um pedaço do céu com uma largura de cerca de 130 vezes o diâmetro da lua).
Este valor está alinhado com a quantidade de galáxias que os cientistas acreditam que se formaram desde o Big Bang. Dito de outra forma, não parece haver objetos estranhos, como tipos exóticos de partículas, a produzir muita luz, ainda que a equipa não possa ainda descartar essas anomalias.
As medições, que surgem num artigo científico publicado no The Astrophysical Journal, são as melhores estimativas do brilho do Universo até ao momento.