Porque secar a roupa dentro de casa pode pôr a sua saúde em risco

Pendurar a roupa para secar no jardim tem sido uma visão rara nestes últimos meses, com as tempestades de inverno a trazerem temperaturas geladas e rajadas de vento de 100 km/h. Mas será que a forma como secamos a roupa dentro de casa é realmente importante?

De acordo com o IFL Science, secar roupa molhada em estendais em espaços pouco ventilados pode aumentar a quantidade de bolor que cresce em casa, o que está associado a problemas de saúde e, em alguns casos, até à morte.

Segundo Rebecca A. Drummond, professora associada, da Universidade de Birmingham, quando o bolor cresce em nossa casa, pode formar manchas pretas ou verdes nas paredes e, normalmente, cria um cheiro desagradável a mofo. Não deve ser ignorado, porque a exposição ao bolor durante longos períodos de tempo pode ter sérias implicações para a saúde.

O bolor é um termo abrangente para um grupo de fungos que produzem partículas minúsculas chamadas esporos.

Os fungos produzem esporos quando as condições são propícias ao seu crescimento, o que pode incluir temperaturas mais frias e humidade elevada. É por isso que é mais provável encontrar bolor a crescer em tetos de casas de banho ou paredes húmidas, onde há mais água para os esporos de fungos se instalarem e crescerem.

Há muitas espécies diferentes de bolor. As mais comuns que causam problemas em casas húmidas são o penicillium e o aspergillus. Estima-se que respiramos diariamente um pequeno número de esporos destes fungos.

Felizmente, o nosso sistema imunitário é muito bom a detetar e a matar esporos de fungos, o que limita o número de infeções pulmonares por fungos nos seres humanos, apesar de estarmos constantemente expostos.

As células imunitárias chamadas macrófagos encontram-se dentro dos espaços aéreos dos pulmões, chamados alvéolos, e estas células comem tudo o que inalamos que possa ser considerado prejudicial, incluindo os esporos de fungos.

No entanto, há muitas pessoas cujo sistema imunitário não é capaz de eliminar os esporos de fungos e, nestes casos, os fungos podem causar infeções perigosas ou piorar muito as condições de saúde subjacentes, como a asma.

As pessoas que têm o sistema imunitário danificado ou comprometido correm um maior risco de ficarem gravemente doentes devido a infeções fúngicas. Os bolores, como o aspergillus, causam infeções em doentes com função imunitária limitada ou com lesões pulmonares causadas por doenças como a asma, a fibrose quística e a doença pulmonar obstrutiva crónica associada ao tabagismo intenso.

Nas pessoas com asma, o sistema imunitário reage de forma exagerada aos estímulos, incluindo esporos de fungos, causando inflamação nos pulmões. Esta inflamação torna a respiração mais difícil ao reduzir o tamanho das vias respiratórias.

O mesmo tipo de resposta imunitária é responsável pelos sintomas da asma e pelas reações alérgicas, e os esporos de fungos também podem desencadear estes mesmos tipos de respostas imunitárias, o que significa que os esporos de fungos podem ser um estímulo particularmente poderosos para algumas pessoas.

Em casos muito extremos, os esporos de fungos não causam apenas inflamação, mas podem invadir as vias respiratórias e bloqueá-las, levando a hemorragias no pulmão, o que acontece quando os esporos germinam e formam longas projeções semelhantes a teias de aranha, designadas por micélio, que criam grumos pegajosos que bloqueiam as vias respiratórias e danificam os tecidos delicados do pulmão.

As infeções por Aspergillus são tratadas com medicamentos antifúngicos para tratar as infeções por fungos — e quando se desenvolve resistência, isto pode reduzir drasticamente as opções de tratamento de um doente.

As alterações climáticas podem também estar a provocar resistência aos medicamentos nos fungos ambientais. Descobriu-se recentemente que a exposição a temperaturas elevadas ajuda os fungos a desenvolverem resistência aos medicamentos antifúngicos habitualmente prescritos.

Há também relatos de doentes que adoecem devido a espécies de bolores que não se pensava causarem doenças humanas, em parte porque não conseguem desenvolver-se à temperatura do corpo humano.

Assim, mais espécies de bolores podem estar a adquirir a capacidade de causar infeções, bem como a tornar-se resistentes aos medicamentos. Os programas de investigação e as iniciativas de cuidados de saúde que monitorizam estas alterações são vitais para nos ajudar a estar preparados para potenciais aumentos nas infeções por bolores.

Embora um sistema imunitário saudável signifique que uma exposição típica a esporos de fungos não é suscetível de causar quaisquer problemas de saúde, a exposição a quantidades muito grandes de esporos de fungos pode revelar-se fatal, mesmo para pessoas que não tenham problemas de saúde subjacentes.

É importante ajudar a manter a sua casa livre de bolor. A melhor forma de o fazer é garantir uma boa ventilação e tomar outras medidas para reduzir a humidade, como utilizar um desumidificador ou investir num estendal aquecido para secar a roupa dentro de casa no inverno.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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