“Polícia assassina”: o cântico basco que originou denúncia em Espanha

Insultos foram entoados durante o jogo entre Alavés e Sevilha. A origem foi um acontecimento de 1976, numa igreja.

O Alavés, penúltimo classificado da liga espanhola de futebol, recebeu e travou o Sevilha, segundo classificado. Na sexta-feira passada as duas equipas encontraram-se no Estádio de Mendizorroza e empataram a zero.

O jogo no País Basco ficou marcado por um cântico entoado logo no arranque da segunda parte. Palavras pouco escutadas em bancadas, durante jogos de futebol: “polícia assassina”. A denúncia partiu da LaLiga, a entidade que regula o campeonato.

“Aos minutos 46 e 50 do jogo, cerca de 1.000 adeptos locais entoaram de forma coordenada o cântico «polícia assassina» durante aproximadamente 12 e 10 segundos, respectivamente. Adeptos de outras partes do estádio acompanharam esse cântico”, descreve ao pormenor o relatório da LaLiga, citado pelo portal elDiario.es.

Esta descrição faz parte do relatório semanal que a LaLiga envia ao Comité de Competição da Real Federação Espanhola de Futebol e à Comissão Antiviolência.

A denúncia teve no entanto uma ressalva: o Alavés reagiu “rapidamente” a esse momento, condenando essas atitudes.

O cântico tem uma origem: o dia 3 de Março de 1976. A Polícia Armada invadiu a igreja de São Francisco de Assis, bairro de trabalhadores em Zaramaga.

Dentro da igreja decorria uma assembleia de trabalhadores, considerada uma afronta ao ditador Francisco Franco – que tinha morrido três meses antes. A polícia entrou “a matar”, disparando e matando mesmo cinco jovens.

Zaramaga fica apenas a 3 quilómetros do Estádio Mendizorrotza, local destes cânticos, 46 anos depois da tragédia (assinalada no dia anterior). O Parlamento basco aprovou, também na véspera, um pedido de investigação por parte do Governo de Madrid à responsabilidade do então ministro Rodolfo Martín Villa.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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