Há vários animais que, à semelhança do Homem, procuram determinadas substâncias na natureza para tratar a dor, prevenir o sofrimento ou simplesmente para se sentirem melhor – é uma espécie de auto-medicação do mundo animal.
Este fenómeno comportamental observado em alguns animais, como papagaios, lémures, golfinhos ou cães, denomina-se de zoofarmacognosia e é um “ramo” relativamente recente da Biologia, tendo sido formalizado em meados de 1987.
Zoofarmacognosia surge da aglutinação das palavras gregas zoo (que significa “animal”), pharma (que pode ser traduzida como “droga” ou “medicamento”) e gnosis (que significa “conhecimento”), tal como frisa a Discover Magazine.
São várias as espécies que procuram na natureza produtos químicos – presentes em plantas, outros animais, fungos ou até no solo – para melhorar o seu bem-estar.
Este tipo de comportamento pode ser categorizado segundo o seu modo de administração: se é diretamente consumido, como as folhas das plantas de Aspilia, que os chimpanzés colocam na boca para libertar toxinas que matam vermes intestinais, ou se aplicado numa área corporal, como o ácido fórmico que algumas aves utilizam para tratar os piolhos.
A administração pode ser mesmo direta, segundo escreve o mesmo portal, que recorda que há algumas formigas que forram os seus ninhos com resina de árvores coníferas, que tem propriedades anti-fúngicas e anti-bacterianas, para manter a colónia a salvo de infeções.
A Zoofarmacognosia pode também ser categorizada pelos seus fins, que podem ser preventivos ou terapêuticos. O uso preventivo foi observado em papagaios tropicais, morcegos e lémures da família Indridae, que consomem terra e argila ricas numa enorme variedade de minerais e micro-nutrientes (cálcio, magnésio, zinco, entre outros).
Quanto ao uso terapêutico, este pode ser observado em cães e gatos, quando estes consumem ervas com emético, uma substância que induz ao vómito, para aliviar sintomas intestinais. Há, contudo, outros motivos para o consumo destas plantas.
Também os ursos-castanhos recorrem a produtos químicos para fins terapêuticos: na sua boca, mastigam raízes de Oshá que, juntamente com saliva, formam uma espécie de pasta e servem para prevenir as picadas de inseto.