Os enfermeiros estão em greve, esta sexta-feira, depois de uma ronda de negociações com o Governo que os profissionais consideram “inadmissível”.
A greve dos enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que começou às 00h00, já encerrou blocos operatórios e condicionou centros de saúde e serviços de internamento em hospitais.
“A expectativa é muito elevada face à ausência de resposta aos problemas dos enfermeiros por parte do Ministério (…). Já sabemos de internamentos com 100% de adesão à greve, disse à agência Lusa a coordenadora da direção geral do Porto do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Fátima Monteiro.
“Os cuidados paliativos e as unidades de saúde familiares também estão a ser muito afetados, muitos blocos [de cirurgia] estão a 100% também”, adiantou sem precisar as localizações.
À porta do Hospital de São João, no Porto, para onde está marcada uma das várias concentrações de enfermeiros de hoje, a dirigente sindical voltou a criticar a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, considerando que esta “insulta” a classe.
“Os valores que está a propor são insultuosos. Os enfermeiros que deram resposta à covid-19 e estiveram na vacinação e tanto foram aplaudidos, estão a ser insultados”, disse Fátima Monteiro.
À Antena 1, o coordenador regional da SEP Coimbra, fala numa “grande, grande, grande adesão à greve, numa demonstração inequívoca de descontentamento face àquilo que é a proposta negocial apresentada pelo ministério da saúde relativamente a uma grelha salarial que não é valorizada”.
“A proposta que o ministério nos apresentou é de um insulto àquilo que é o trabalho dos enfermeiros e a esta classe que tão martirizada tem sido ao longo da sua história. Mais recentemente, recebemos palmas e bilhetes para ir ver o futebol, mas não somos valorizados“, lamentou Paulo Anacleto.
Não é isso que os enfermeiros querem
Os enfermeiros do SNS estão em greve esta sexta-feira, nos turnos da manhã e da tarde para exigir a valorização da carreira e a melhoria das condições de trabalho.
A greve foi convocada pelo SEP no dia 16 de julho, alegando que a apresentação da proposta de alteração das grelhas salariais continuava por cumprir, o que levou à suspensão das negociações na reunião marcada para esse dia.
O SEP voltou a reunir-se esta quarta-feira com a ministra da Saúde e no final do encontro o presidente do SEP, José Carlos Martins, afirmou aos jornalistas que a greve se mantinha, porque a proposta apresentada pelo Governo continua a ser inadmissível, intolerável” e como tal os enfermeiros têm “razões acrescidas para manifestar a sua fortíssima indignação”.
Segundo José Carlos Martins, o Ministério da Saúde propôs, na grelha salarial da categoria de enfermeiro, um aumento de 52 euros para todas as posições remuneratórias.
Além disso, nas grelhas salariais de enfermeiro-especialista e enfermeiro-gestor, o “Governo propõe não alterar grelha nenhuma”, afirmou o dirigente sindical, adiantando que a proposta prevê, porém, que os enfermeiros que estão hoje nessas categorias possam dar um “salto de uma posição remuneratória”.
Governo despreza enfermeiros?
À Lusa, Fátima Monteiro questionou: “Será que o Governo acha desprezível o trabalho destes enfermeiros?”.
Para a responsável “é inaceitável que não haja uma proposta que reflita a valorização dos enfermeiros”, razão pela qual fica a certeza de que “um conjunto de lutas que se vão seguir a esta”.
Os enfermeiros reclamam também a “reafirmação das 35 horas semanais como regime de trabalho dos enfermeiros”, formas de compensar o “sistemático recurso a trabalho extraordinário para colmatar a carência de enfermeiros” que agrava o risco e a penosidade do exercício da profissão.
ZAP // Lusa