Depois de um escândalo e de um Governo demissionário, Países Baixos vão às urnas (mas Rutte deverá resistir)

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aldeparty / Flickr

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte

Começou na segunda-feira e termina esta quarta-feira o processo eleitoral para escolher o novo Governo dos Países Baixos. Apesar da agitação social, motivada pela pandemia e pelo escândalo que derrubou o anterior Executivo, Mark Rutte, em funções desde 2010 e líder do VVD, deverá resistir.

Os Países Baixos viram-se a braços com a terceira vaga da pandemia em dezembro, com o país a atingir os 12 mil casos diários. Durante o mês de janeiro, e perante uma diminuição do número de infeções, o Governo decidiu, por precaução, endurecer as medidas restritivas.

Segundo o Observador, o recolher obrigatório entre as 20h30 e as 04h30 foi a menos bem recebida, com várias cidades holandesas a serem palco de violentos protestos.

Apesar do pulso firme de Mark Rutte, o primeiro-ministro manteve a boa imagem junto dos eleitores. Uma sondagem da Universidade de Vrije, em Amesterdão, revelou que 77% dos inquiridos estão de acordo com as medidas tomadas pelo Governo.

Algumas falhas, como a imposição tardia da utilização de máscara ou os atrasos no processo de vacinação, parecem ter sido esquecidas pelos eleitores.

Ainda assim, foi um escândalo social que mais ameaçou derrubar Rutte. Em causa esteve a acusação de fraude a cerca de 10 mil famílias pelo uso indevido de um subsídio estatal, tendo a autoridade tributária holandesa obrigado a que esse valor fosse devolvido.

O caso ainda ganhou mais mediatismo pelo facto de a maioria das famílias elegidas pertencerem a uma etnia ou terem dupla nacionalidade.

A popularidade do primeiro-ministro saiu intocável e o escândalo acabou por não influenciar os eleitores, principalmente aqueles que já votavam em Rutte.

No entanto, conforme explica o diário, a coligação que segurava a maioria na Segunda Câmara dos Países Baixos acabou por cair, ficando um Governo demissionário que se manteve em funções com a mesma configuração do anterior.

Nestas eleições, que terminam hoje, uma sondagem do Peilingwijzer mostra que a popularidade de Rutte se mantém: o seu partido (VVD) deverá conquistar entre 36 e 40 lugares na câmara baixa, subindo dos 33 que alcançou na última eleição em 2017.

O segundo partido mais votado continua a ser o PVV (Partido para a Liberdade), de extrema-direita, que deverá conseguir entre 18 e 20, e o terceiro o CDA (Apelo Democrata-Cristão), com perspetivas de queda no número de deputados.

Liliana Malainho, ZAP //

1 Comment

  1. Eis o que acontece se um país não tem nem sequer qualquer oposição social-democrata.
    O VVD, um partido tipo CDS, com no máximo 10% dos votos, conseguiu uma maioria com uma Lei que desconta os juros das hipotecas no IRS. Enquanto isto durar, não há oposição que se levanta e o país fica nas mãos das multinacionais

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