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Os monges cartuxos controlam a produção do secular Chartreuse (e gerem a sua escassez)

Chartreuse / Facebook

Verde ou amarelo, o popular licor Chartreuse é produzido em França por monges da Ordem Cartuxa

Com origens que remontam a 1605, a receita de Chartreuse, cuidadosamente guardada, está a tornar-se cada vez mais popular.

Se a procura é alta e o produto é escasso, mandam as regras que, para maximizar as vendas, devemos aumentar o preço do produto ou a produção — e ir tranquilamente ao banco depositar os lucros.

Exceto, claro, se estivermos a falar de monges cartuxos — que não estão interessados em enriquecer, apesar de produzirem um licor muito procurado e potencialmente lucrativo.

O secular Chartreuse, um popular licor verde ou amarelo, é produzido exclusivamente por um grupo de monges cartuxos nos Alpes franceses.

A bebida tornou-se cada vez mais procurada nos últimos anos, especialmente desde que o bartender norte-americano Murray Stenson criou no início dos anos 2000 o Last Word — um cocktail feito de Chartreuse verde, gin, licor de marasquino e sumo de limão.

Agora, no entanto, o licor está a tornar-se demasiado popular. Com efeito, é cada vez mais difícil encontrar Chartreuse à venda, graças em parte às escassez causada pela pandemia.

Joe Kakos, proprietário de uma loja de bebidas alcoólicas em Birmingham, no Michigan, vende Chartreuse há quatro décadas, mas está agora com dificuldade em manter ter o licor em stock.

Literalmente, não consigo encontrá-lo“, diz Kakos ao New York Times. “Pelo menos uns três clientes por dia pedem Chartreuse”.

O cenário em Portugal é semelhante: numa pesquisa online, encontrámos uma só garrafeira com o apetecível licor à venda — com um preço de 41 euros por uma garrafa de 70cl.

Mas não há solução fácil à vista. Os monges não têm qualquer intenção de aumentar a produção, apesar da grande procura.

Em janeiro, numa carta citada pelo Smithsonian, os monges clarificaram que não iriam produzir mais do que o necessário para sustentar a sua ordem — em parte por razões ambientais, mas também porque querem, em vez disso, concentrar as suas atenções na “solidão e oração“.

A receita de Chartreuse — um segredo bem guardado que remonta a 1605 — inclui alegadamente 130 ervas, especiarias e flores, e são necessárias cerca de 40 toneladas de ingredientes misturados para um ano de produção do licor.

Aumentar a produção exigiria colher mais ingredientes — algo que os monges rejeitam, para não prejudicar o planeta, diz ao Wall Street Journal Tim Master, diretor da Frederick Wildman and Sons, o único importador de Chartreuse nos EUA. “Os  cartuxos não planeiam 3 a 5 anos, fazem planos para 300 a 500 anos“.

“Só se consegue produzir uma quantidade limitada de Chartreuse sem arruinar o equilíbrio da vida monástica”, explica Michael K. Holleran, antigo monge que supervisionou a produção do licor entre 1986 a 1990 e agora padre em Nova Iorque.

Além disso, os cartuxos são guiados por princípios diferentes dos de um empresário tradicional. “Os monges não estão nisto para ter Mercedes ou uma vida luxuosa”, diz Master.

ZAP //

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