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As origens dos antigos Etruscos foram finalmente reveladas

(dr) Paolo Nannini

Vista aérea de duas sepulturas Etruscas em Vetulonia (Grosseto)

Vestígios de ADN encerraram, finalmente, o debate sobre a origem dos Etruscos,  uma antiga civilização cujos restos mortais foram encontrados em Itália.

De acordo com quase dois mil anos de dados genómicos, recolhidos de 12 locais arqueológicos espalhados por Itália, os Etruscos não emigraram de Anatólia (uma região que agora faz parte da Turquia), mas compartilharam o seu perfil genético com pessoas que viviam nas proximidades de Roma.

O novo estudo, publicado a 24 de setembro na revista científica Science Advances, mostra que uma grande parte dos seus perfis genéticos provém dos pastores das estepes ocidentais que chegaram à região durante a Idade do Bronze.

Tendo em conta que se acredita que esses grupos foram responsáveis pela disseminação das línguas indo-europeias (agora faladas em todo o mundo por milhões de pessoas), a persistência de uma língua etrusca não-indo-europeia é um fenómeno ainda mais intrigante.

“Essa persistência linguística, combinada com uma mudança genética, desafia suposições simples de que os genes são iguais às línguas e sugere um cenário mais complexo que pode ter envolvido a assimilação dos primeiros falantes do Itálico pela comunidade Etrusca, possivelmente durante um período prolongado de mistura durante o segundo milénio A.C.”, afirma, em comunicado, David Caramelli, professor da Universidade de Florença e um dos autores da pesquisa.

“Esta mudança genética retrata claramente o papel do Império Romano no deslocamento em grande escala de pessoas numa época de maior mobilidade sócio-económica e geográfica”, disse Johannes Krause, diretor do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, que também participou no estudo.

Na Idade Média, depois do colapso do Império Romano, os perfis genéticos mudaram novamente, com ancestrais do norte da Europa a espalhar-se pela península italiana. Este foi provavelmente o resultado da invasão dos Lombardos, da Alemanha e da Suécia, que conquistaram e governaram a maior parte de Itália de 568 a 774 D.C.

No entanto, por volta de 1000 D.C., os perfis genéticos das pessoas na Toscana, Lazio e Basilicata permaneceram mais ou menos inalterados. Isto é consistente com o perfil genético das pessoas em Roma e dos seus arredores, o que sugere, segundo os investigadores, que os eventos históricos durante o primeiro milénio tiveram um grande impacto nas transformações genéticas em grande parte da península italiana.

“O Império Romano parece ter deixado uma contribuição duradoura para o perfil genético dos europeus do sul, preenchendo a lacuna entre as populações europeias e do Mediterrâneo oriental no mapa genético da Eurásia ocidental”, concluiu, na mesma nota, Cosimo Posth, professor da Universidade de Tubinga e outro dos autores do estudo.

ZAP //

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