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A saúde debilitada de Dianne Feinstein está a aumentar o coro de apelos à sua demissão, mas a Senadora estará a ser pressionada a continuar por razões partidárias.
Aos 89 anos, a saúde de Dianne Feinstein está a gerar muita preocupação e apelos a que abandone o cargo.
A Senadora Democrata regressou ao Capitólio este mês após ter ficado de baixa desde Fevereiro, devido a um caso de herpes zóster, mas o seu regresso não acalmou os receios sobre a sua saúde — Feinstein é transportada de cadeira de rodas, tem uma aparência frágil e uma parte do seu rosto está a descair.
Com o seu regresso, a Senadora da Califórnia votou pela primeira vez em três meses e deu um reforço muito aguardado à maioria Democrata que apoia Biden no Senado, ajudando a aprovar os nomeados judiciais do Presidente.
Os seus aliados dizem que tem feito o seu trabalho, mas o seu estado fragilizado e aparente confusão e problemas de memória nas interacções com os jornalistas, em que alegou que nunca esteve de baixa, estão a levantar dúvidas sobre a sua capacidade para terminar o mandato.
Há até quem questione se Feinstein foi transparente com os seus eleitores quando foi revelado que o seu caso de herpes tinha desencadeado encefalite, uma inflamação do cérebro, assim como a síndrome de Ramsay Hunt, que causa paralisia facial. Essas complicações só foram confirmadas pelo gabinete de Feinstein após o New York Times ter avançado a notícia.
Uma sondagem da Universidade de Berkeley também concluiu que 52% dos eleitores Democratas na Califórnia querem que Feinstein se demita. Neste cenário, seria o Governador Gavin Newsom a escolher um substituto que cumpriria ao seu fim no próximo ano.
Influência de Nancy Pelosi
Uma das pessoas que acompanhou Feinstein no regresso ao Senado foi Nancy Corinne Prowda blended, filha mais velha da ex-Presidente da Câmara dos Representantes e um peso pesado dos Democratas, Nancy Pelosi.
De acordo com fontes ouvidas pelo Politico, esta aparição é apenas a ponta do icebergue e há uma grande proximidade entre a família de Pelosi e Feinstein — o que tem gerado perguntas desconfortáveis sobre se os interesses políticos de Pelosi chocam com os interesses pessoais da Senadora.
Em causa está a sucessão de Feinstein. Pelosi já apoiou formalmente o congressista e seu protegido de longa data Adam Schiff, que soma uma vantagem de 15 milhões de dólares em doações para a campanha em relação ao seu rival mais próximo.
Mas caso Feinstein se reforme mais cedo, a vantagem de Schiff pode desaparecer. Gavin Newsom também prometeu que nomearia uma mulher negra para substituir Feinstein, com a congressista Barbara Lee a surgir como a favorita. Lee pertence à ala mais progressista dos Democratas, que choca frequentemente com Pelosi.
“Se a DiFi se demite agora, há uma enorme probabilidade de que Barbara Lee seja nomeada, o que cria dificuldades a Schiff”, afirma uma fonte. Será por esta razão que a proximidade da filha de Pelosi a Feinstein está a ser mantida em segredo.
O gabinete de Pelosi confirmou que a filha da ex-Presidente da Câmara dos Representantes está a apoiar a recuperação de Feinstein, mas garante que ninguém a está a pressionar a ficar no cargo. “Qualquer pessoa que conhece a Senadora Feinstein sabe que o seu serviço no Senado é totalmente a sua decisão“, refere.
No entanto, Pelosi tem sido uma das mais aguerridas defensoras públicas da continuidade da Senadora, tendo até sugerido que os apelos à sua saída são sexistas e que nunca notou esta insistência quando um Senador homem fica doente.
Hillary Clinton, uma outra velha adversária dos Democratas mais progressistas, também é contra a saída de Feinstein. “Os Republicanos não vão concordar em aprovar outra pessoa para o Comité Judiciário se ela se reformar. Então, eu não sei se ela realmente o faria ou não, mas agora ela não pode. Porque se vamos conseguir a confirmação dos juízes, que é uma das obrigações contínuas mais importantes que temos, então não nos podemos dar ao luxo de ter o lugar dela vago”, defende.
Oprah Winfrey no Senado?
Segundo a Associated Press, um dos nomes na lista de mulheres negras que Gavin Newsom pondera nomear caso Feinstein se reforme é a famosa apresentadora televisiva Oprah Winfrey.
Oprah rejeitou várias vezes os apelos a que concorra à Presidência dos Estados Unidos, mas já se envolveu em questões políticas ocasionalmente. A apresentadora é uma doadora frequente dos Democratas e apoiou a candidatura de John Fetterman ao Senado na Pensilvância, uma das corridas decisivas nas intercalares de Novembro último. O adversário Republicano de Fetterman era Mehmet Oz, que ficou conhecido como o “médico da América” no próprio programa de Winfrey.
No entanto, não será desta que veremos a estrela de televisão a ocupar um cargo político. Esta quinta-feira, um porta-voz negou que Oprah esteja interessada em ir para o Senado para substituir Feinstein e afirmou que a apresentadora “não está a considerar o lugar caso este fique vago”.
