O clima afeta a capacidade de adaptação das árvores

Tobias Jackson

As alterações climáticas estão a ultrapassar a capacidade das árvores de se adaptarem. Um novo estudo vem prová-lo.

Um novo estudo, publicado na revista PNA, descobriu que os métodos usados para prever como as espécies de árvores responderão às mudanças climáticas são imprecisos e pouco confiáveis.

O estudo, liderado pela Universidade do Arizona em colaboração com o Serviço Florestal dos Estados Unidos da América (EUA), concentrou-se no pinheiro-ponderosa. Trata-se de uma árvore comum no oeste dos EUA.

Os resultados do estudo desafiam a credibilidade do método atual — substituição do espaço-por-tempo — na previsão da adaptação das espécies ao aquecimento global.

Segundo o earth.com, esta técnica tem sido fundamental na pesquisa ecológica para prever como é que as espécies se podem adaptar às mudanças das condições climáticas.

O método de substituição do espaço-por-tempo presume que os indivíduos de uma espécie que prosperem em climas mais quentes podem ser um indicador para entender como é que os homólogos em áreas mais frias podem responder ao aquecimento global.

A ideia é que à medida que as temperaturas aumentam, as espécies na borda mais fria da sua distribuição se adaptariam de forma semelhante aos seus homólogos em regiões mais quentes.

No entanto, o novo estudo revela que essa abordagem pode ter uma falha. Quando aplicado ao pinheiro-ponderosa, o método projetou de forma imprecisa uma resposta positiva ao aquecimento, enquanto que a resposta real foi prejudicial.

“Descobrimos que a substituição espaço-por-tempo gera previsões incorretas quanto à resposta ao aquecimento ser positiva ou negativa”, disse a coautora do estudo, Margaret Evans, professora no Laboratório de Pesquisa de Anéis de Árvores da UArizona.

“Este método afirma que os pinheiros-ponderosa deveriam beneficiar do aquecimento, mas realmente sofrem com o aquecimento. Isso é perigosamente enganador“, acrescenta.

Os especialistas analisaram meticulosamente os anéis de crescimento de pinheiros-ponderosa, datados de 1900, em toda a região oeste dos EUA e compararam o crescimento real das árvores com as previsões feitas pelo modelo de substituição espaço por tempo.

A conclusão foi que o modelo falhou em prever com precisão a resposta das árvores às tendências recentes de aquecimento. Os dados dos anéis das árvores mostram uma imagem drasticamente diferente das previsões do modelo.

Na realidade, as árvores, consistentemente, apresentaram impactos negativos devido à variabilidade da temperatura.

Anos mais quentes resultaram em anéis de crescimento menores que a média, contradizendo a sugestão do modelo de um efeito benéfico do aquecimento.

“Se é um ano mais quente que a média, produzem um anel menor que a média, então o aquecimento é realmente mau para elas, e isso é verdade em todos os lugares”, explicou Evans.

Uma ideia chave do estudo é que o ritmo das mudanças climáticas pode estar a superar a capacidade das árvores de se adaptarem.

A pesquisa destaca um principio ecológico fundamental: a adaptação e a migração são processos graduais, muitas vezes sendo mais lenta nas mudanças ambientais rápidas.

A taxa atual de mudanças climáticas parecer ser muito rápida para que os processos naturais acompanhem.

A equipa explorou também como é que as variações da chuva afetam o crescimento das árvores, confirmando que o aumento da chuva beneficia universalmente as árvores, independentemente do contexto temporal ou espacial.

“Estas previsões baseadas espacialmente são realmente perigosas, porque os padrões espaciais refletem um ponto final após um longo período de tempo, quando as espécies tiveram a hipótese de evoluir e se dispersar e, finalmente, se organizar na paisagem”, disse Evans.

“Infelizmente, as árvores encontram-se numa situação em que a mudança está a acontecer mais rápido do que se podem adaptar, o que realmente as coloca em risco de extinção. É um aviso para os ecologistas”, conclui.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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