Numa fase de estabilização da pandemia, faixas etárias acima dos 65 anos devem concentrar as atenções

Especialista diz que é provável que a descida do número de casos continue até que estabilize.

Numa altura em que os números da pandemia da covid-19 em Portugal comecem a estabilizar e apresentam uma tendência decrescente, os especialistas apontam para uma situação de “saturação do vírus”, pelo que apontam para a necessidade de o monitorizar sobretudo nas faixas etárias acima dos 65 anos, “as quais estão mais suscetíveis ao vírus”. A análise é feita por Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que faz a modelação da evolução da doença.

“No final do mês devemos atingir a estabilização, entre os 10 e os 14 mil casos”, aponta. “A única preocupação que ainda devemos ter, de forma moderada, é com as faixas etárias acima dos 65 anos”, por estas, “apesar de terem uma boa proteção vacinal, são as que mais estão suscetíveis ao vírus”. “São as faixas que têm menos expostas ao vírus, adquirindo, por isso, menos imunidade natural”. pelo que considera que “basta olhar para as faixas etárias mais jovens, como a dos 20 aos 29 anos, em que 45% da população infetada. Ou seja, três vezes mais do que a faixa dos 70 aos 79 anos, em que a população infetada é só 13%”.

Novamente sobre a faixa etária dos 65 anos, o especialista reforça a necessidade de monitorização dos casos, já que este grupo está na linha vermelha. “Precisamente porque estamos perante uma variante que consegue furar a barreira de proteção vacinal, infetar e até permitir que, em certas situações, de maior fragilidade do sistema imunitária das pessoas, se desenvolvam formas graves de infeção”.

Realçando a necessidade de proteger este grupo, o especialista diz que é essencial que familiares, amigos e a comunidade em geral, “continuem a manter as regras de proteção individual, como uso de máscara, higienização das maõs, distanciamento, quando estão com idosos, no sentido de os proteger do risco da infeção e de formas graves da doença”. No caso dos mais novos, estes “desenvolvem formas mais ligeiras de infeção e, como disse, uma grande percentagem já adquiriu imunidade natural”.

No que respeita aos números, o professor da Faculdade de Ciências diz ser notória uma descida na região Norte, onde se verificavam mais infeções, e uma ligeira em Lisboa e Vale do Tejo, Centro, Alentejo e Algarve. Atualmente, Medeira e Açores são as regiões que ainda mantém um R(t) mais elevado.

Ainda segundo Carlos Antunes é expectável que a descida no número de casos também abrande, até chegar a um ponto de estabilização. Atualmente, a descida está a ocorrer, de forma significativa, nas faixas etárias mais jovens, as quais também já tinham sido responsáveis por subidas rápidas nos números de infeções.”As faixas etárias dos 0 aos 19 anos estão a contribuir para uma redução significativa da incidência e os jovens dos 19 aos 29 anos também. Em breve, iremos assistir à estabilização dos casos até que começaremos a assistir, semana a semana, a uma redução no número cada vez menor.”

ZAP //

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