Há um novo objeto brilhante no céu. O problema? É um satélite artificial

KPNO/NOIRLab/IAU/SKAO/NSF/AURA/R. Sparks

O satélite Blue Walker tem um conjunto de antenas de 64 metros quadrados e é a maior estrutura comercial em órbita terrestre baixa.

Os humanos estão a colocar cada vez mais satélites em órbita, numa representação do progresso tecnológico e científico que tem acontecido ao longo dos anos. Acontece que esta atitude tem problemas inerentes e o satélite Blue Walker 3 é um bom exemplo. Concebida para operar uma rede de comunicações, a infraestrutura recentemente lançada é agora um dos objetos mais brilhantes no céu noturno. O que constitui um grande problema para investigadores e amadores com especial interesse nas temáticas do Espaço.

Enquanto os astrónomos têm telescópios também em órbita, muitas das observações do Universo são registadas a partir da superfície terrestre. Todas as estrelas, à exceção das mais brilhantes, podem agora ser ofuscadas pelo brilho do satélite, de acordo com o Centro da União Astronómica Internacional para a Proteção do Céu Escuro e Silencioso da Interferência da Constelação de Satélites (IAU CPS).

“O BlueWalker 3 é uma grande mudança de paradigma na do satélite da constelação e deve dar-nos a todos motivos para pararmos”, explicou Piero Benvenuti, diretor do mesmo organismo.

“É exatamente o que os astrónomos não querem“, disse, por sua vez, a astrónoma Meredith Rawls, da Universidade de Washington em Seattle, à revista Science. “Vai aparecer como uma sequência super brilhante em imagens e detetores de câmara potencialmente saturados nos observatórios”.

O BlueWalker 3 é, tal como descreve o Science Alert, um impressionante segmento de hardware. O seu conjunto de antenas de 64 metros quadrados é a maior estrutura comercial em órbita terrestre baixa, capaz de refletir muito mais luz do que os satélites SpaceX Starlink, por exemplo.

A longo prazo, o objetivo da empresa-mãe do BlueWalker, a AST SpaceMobile, é obter mais de 100 satélites no céu até ao final de 2024, muitos potencialmente até maiores do que o BlueWalker 3. Esta é, por isso, uma preocupação significativa para os cientistas. Além desta existe o facto de o BlueWalker ter sido concebido para funcionar como uma torre de comunicações no Espaço, o que implica o uso frequências de rádio terrestres que podem interferir com os telescópios rádio — telescópios instalados em áreas muito afastadas de zonas com cobertura de rede móvel.

“As frequências alocadas aos telemóveis já são difíceis de observar mesmo em zonas rádio silenciosas que criamos para as nossas instalações”, descreveu Philip Diamond, Diretor-Geral do Square Kilometer Array Observatory. “Novos satélites como o BlueWalker 3 têm o potencial de piorar a situação e comprometer a nossa habilidade de fazer ciência caso não seja propriamente mitigada.”

A Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos é a entidade responsável por regular as redes de comunicação tanto no país como internacionalmente.

ZAP //

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