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“Revolta” com cena de novela da TVI que “ofende” Castro Laboreiro

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Harpagornis / wikimedia

Castro Laboreiro

Castro Laboreiro, Melgaço.

Uma cena de um episódio da telenovela “Para Sempre” da TVI está a ser vista como uma “ofensa grave” à população de Castro Laboreiro, em Melgaço, no distrito de Viana do Castelo. A Assembleia Municipal exige uma retratação pública do canal.

A Assembleia Municipal de Melgaço aprovou, por unanimidade, uma moção de repúdio à TVI, proposta pelo PS, considerando que “o povo, a história e a cultura de Castro Laboreiro” foram alvo de “difamação” numa novela do canal.

Em causa está uma cena do episódio n.º 115 da telenovela “Para Sempre”, transmitido a 20 de Abril passado pela TVI. Algumas das gravações da novela foram feitas no Alto Minho.

A cena em causa tem a participação de várias personagens e decorre numa “mercearia fictícia localizada na vila de Soajo, onde os habitantes de Castro Laboreiro são acusados do furto de uma viatura“, aponta-se na moção de repúdio.

Além disso, “são apelidados de ladrões, bandalhos, manhosos, entre outros epítetos”, fazendo-se ainda “a insinuação de que a raça do cão de Castro Laboreiro resulta de uma apropriação ilegítima dos cães Sabujos da Serra do Soajo”, destaca ainda a moção.

Estes diálogos transmitidos na novela “constituem uma ofensa grave à tradição e cultura de Castro Laboreiro, afectando o bom nome e reputação das suas gentes”, nota-se na moção aprovada em Assembleia Municipal.

O “conteúdo da cena do episódio em causa distorce, de modo grave, a origem, classificação e reconhecimento público da raça canina do cão de Castro Laboreiro” e provoca “uma indignação generalizada da população” local que, “compreensivelmente se sentiu insultada e ultrajada“.

“Liberdade criativa” vs “ignorância”

Apesar de admitir que se trata de “uma obra de ficção e que, por isso, a margem de liberdade criativa é bastante ampla”, a mesma moção refere “desconhecer os motivos do autor do texto/guionista ou o conhecimento que o mesmo tem sobre a história e cultura castrejas”.

“O contexto, o tom e o conteúdo dos referidos diálogos, para além de relevarem um profundo desconhecimento e ignorância da cultura de Castro Laboreiro, atentam contra os mais básicos princípios de ética e de respeito por uma comunidade com uma história e tradição ímpares da nossa cultura e território”, realça o documento.

Castro Laboreiro “é uma região cuja ocupação humana é comprovável até ao longo passado de quatro ou cinco mil anos, tendo-se aqui desenvolvido sucessivamente duas grandes culturas que atingiram um grau elevado de civilização: a cultura dolmética e a cultura castreja, onde ainda hoje são visíveis inúmeros vestígios”.

A população de Castro Laboreiro “é justamente conhecida pela sua integridade, carácter, honradez e espírito de sacrifício e colaboração”.

Cães Sabujo e de Castro Laboreiro são “totalmente distintos”

Já sobre a origem e características dos cães de raça Castro Laboreiro e Sabujo, a moção nota que “são totalmente distintas, possuindo características genéticas, morfológicas e funcionais que não admitem qualquer controvérsia ou erro de identificação”.

O cão de Castro Laboreiro “é uma das raças caninas mais antigas da Península Ibérica, sendo uma das onze raças com estadão, reconhecidas em Portugal”, frisa também a moção.

“Trata-se de um cão de guarda tipo mastim, enquanto o Sabujo é um cão de caça, de faro por excelência, usado em matilha ou à trela para farejar rastos de odor ou sangue de caça grossa”, explica o documento.

“Só mesmo por desconhecimento, ignorância ou algum propósito difamatório, se pode pretender confundir a comunidade acerca da origem ou identidade destas espécies caninas, ainda que no contexto de uma obra de ficção”, sustenta por fim.

Além de enviada à TVI, a moção será endereçada à Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), à Associação Portuguesa do Cão de Castro Laboreiro, à Câmara Municipal de Melgaço e à União das Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas do Mouro.

ZAP // Lusa

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3 Comments

  1. Que grande “filme”… de onde saíram estes cromos “indignados”??
    Será que não sabem o que é ficção?
    A população de Melgaço merecia melhor representação na Assembleia Municipal…

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