O candidato do PSD à Câmara de Lisboa mostrou disponibilidade para ir presencialmente ao Parlamento falar sobre o antigo BES. A audição está agendada para dia 6 de abril, próxima terça-feira.
Carlos Moedas, candidato à Câmara Municipal de Lisboa, vai ser ouvido na comissão de inquérito do Novo Banco apesar da oposição do PSD, que passou esta segunda-feira uma gravação antiga de Ricardo Salgado no Parlamento para demonstrar que “não há dados novos” que justifiquem a audição.
Os momentos que antecederam a audição de segunda-feira da comissão de inquérito ao Novo Banco foram marcados pela troca de argumentos e acusações, sobretudo entre PSD e PS.
Em cima da mesa estava o pedido apresentado na sexta-feira pelos socialistas para a audição presencial do antigo secretário de Estado do Governo PSD/CDS-PP e agora candidato à Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e dos depoimentos por escrito de Durão Barroso, Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho.
“Carlos Moedas já anunciou publicamente a sua disponibilidade para vir a esta comissão e inclusive houve contactos com a comissão no sentido de dizer que está disponível para vir à comissão. Vamos avançar com a convocação de Carlos Moedas para estar aqui presente”, revelou o presidente da comissão, o social-democrata Fernando Negrão.
Não tendo havido uma votação formal do requerimento, o deputado do PSD Duarte Pacheco fez questão de voltar a manifestar as reservas dos sociais-democratas a propósito desta audição, depois de inicialmente ter defendido que “ao contrário do que é normal”, este requerimento deveria ser votado, manifestando a oposição dos sociais-democratas.
Mas o momento mais insólito foi quando Duarte Pacheco pediu para “passar um som”, tendo-se ouvido na sala a voz do antigo presidente do BES Ricardo Salgado.
Num registo da anterior comissão de inquérito ao BES, ouvia-se Salgado a referir-se às reuniões mantidas com Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, Carlos Moedas e Carlos Costa para “comunicar ao Governo pela última vez a eventualidade do risco sistémico e da necessidade de obter o tal apoio intercalar para poder refinanciar a área não financeira” do Grupo Espírito Santo.
“Percebo que há deputados que são novos e que não se deram ao trabalho de ver os trabalhos da anterior comissão de inquérito. Não há dados novos“, atirou Pacheco.
“O PS com medo e querendo fugir à vossa responsabilidade, tudo serve para tentar desviar os assuntos”, criticou, considerando uma “vergonha” que os socialistas resolvam “brincar com os portugueses e com o parlamento” ao tentar criar “uma cortina de fumo” que inviabilize o objetivo da comissão de inquérito.
Na resposta, o deputado João Paulo Correia referiu que “o PS explicou os motivos pelos quais quer estes depoimentos e esta audição” e repudiou as palavras de Duarte Pacheco.
“Eu faço política com lisura, não me revejo nessa forma de fazer política. Os portugueses ainda têm perguntas por responde por parte dessas autoridades políticas”, reiterou.
Na quinta-feira, o PS requereu os depoimentos por escrito do ex-Presidente Cavaco Silva, dos antigos primeiros-ministros Durão Barroso e Passos Coelho e a audição presencial do ex-comissário europeu Carlos Moedas na comissão de inquérito do Novo Banco.
O anúncio foi feito no Parlamento pelo coordenador do PS nesta comissão de inquérito, João Paulo Correia, um dia depois da audição de José Honório, ex-administrador do BES e Novo Banco, que segundo o socialista revelou que o antigo presidente do BES Ricardo Salgado entregou, em 2014, um memorando a cada uma das autoridades políticas em que dava conta do “buraco gigante em que estava enfiado o GES”.
“Passadas poucas semanas, depois destas reuniões que Ricardo Salgado teve com todas estas autoridades políticas, depois de conhecerem a dimensão do buraco do Grupo Espírito Santo, decorreu o aumento de capital do BES de cerca de mil milhões de euros”, referiu, considerando que as autoridades políticas, europeias e nacionais “nada fizeram para impedir este aumento de capital que gerou milhares de lesados” em Portugal.
ZAP // Lusa