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Misterioso pergaminho samurai dá receitas de pós para cegar o inimigo

Domínio Público.

Ilustração de uma das quatro versões que existem do "Pergaminho da Espada" retirada do livro japonês "Solo Kendo".

Ilustração de uma das quatro versões que existem do “Pergaminho da Espada” retirada do livro japonês “Solo Kendo”.

Um misterioso e lendário texto samurai, conhecido como “Pergaminho da Espada”, foi finalmente traduzido para Inglês e inclui dicas de como travar batalhas à noite e fazer pós para cegar o inimigo.

Este “Pergaminho da Espada” foi traduzido para japonês moderno por Fumio Manaka, um mestre na arte marcial japonesa Kobudo. Mas isso não ajudou a desvendar quando é que foi escrito, nem quem o escreveu.

Acredita-se que terá sido escrito há cerca de 500 anos por dois samurais de elite.

O texto antigo continua assim a ser um mistério, mas o tradutor de japonês Eric Shahan dá agora uma nova luz ao documento com a sua tradução para Inglês.

Shahan, que é especializado na tradução de textos antigos sobre artes marciais e ele próprio também praticante de Kobudo, revela assim que o pergaminho inclui dicas de como travar batalhas durante a noite e de como fazer pós para cegar os inimigos.

Segundo o  Live Science, nestas receitas para “pós ofuscantes”, o pergaminho aconselha o samurai a “abrir um pequeno buraco na casca de um ovo“, deixando verter o seu conteúdo, preenchendo-o depois com pimenta vermelha e envolvendo-o em  papel. “Quando se deparar com um inimigo, esmague-o na sua cara”, diz o pergaminho.

Outro pó mencionado é feito com partes de mamushi, uma cobra venenosa, misturadas com estrume de cavalo e relva finamente picada. O preparado deve ser envolvido num tecido de papel e “soprando para um oponente, levando-o a perder a consciência”, nota o pergaminho – com a ressalva de que esta receita “não foi totalmente testada”.

A arte da guerra… nocturna

O texto contém também inúmeros conselhos sobre como combater durante a noite, recomendando-se, por exemplo, que, em determinadas situações, é mais ajuizado “esconder as forças num local escuro de forma a espiar o inimigo”.

“Quando combater numa noite escura, deixe cair o seu corpo bem para baixo, concentre-se na formação que o inimigo assumiu, e tente determinar como é que está armado”, nota o pergaminho, acrescentando que se o terreno for um obstáculo, deve deslocar-se e “enfrentar o inimigo”.

O lendário texto inclui ainda diversos conselhos poéticos, habitualmente associados à famosa honra dos samurais, nomeadamente o de que para se ser um bom lutador de espada não se pode ter “nenhum mal no coração”.

“Mais vale errar por excesso de cautela e não entrar numa estrada de montanha infestada de bandidos”, considera ainda o “Pergaminho da Espada”, segundo o qual “há um ditado que diz que ‘um pouco de treino militar pode ser a causa de um grande ferimento‘”.

O texto atribui a maioria dos escritos a Yamamoto Kansuke (1501-1561), samurai que serviu o senhor Takeda Shingen quando proliferava uma guerra generalizada pelo Japão. Outras partes são atribuídas por sua vez ao samurai Kusunoki Masashige (1294–1336), que serviu o Imperador japonês Go-Daigo.

Mas, na verdade, não foi ainda possível confirmar se foram estes dois samurais de elite quem escreveram, de facto, o pergaminho.

As dúvidas aumentam também porque há quatro diferentes versões do “Pergaminho da Espada”, todas publicadas em livros japoneses ao longo dos Séculos e revelando textos e ilustrações que diferem de caso para caso, embora mantenham conteúdos semelhantes.

ZAP //

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