Matar cangurus por empatia. Um cenário cada vez mais certo na Austrália

Os cangurus australianos estão a morrer à fome e a maneira moralmente mais correta de os ajudar pode passar por…matá-los, dizem ecologistas.

A Austrália tem vindo a ser avisada por especialistas, segundo o Raw Story, para (empaticamente) assassinar o símbolo da sua vasta vida selvagem, caso o seu boom populacional se continue a verificar.

Os marsupiais podem morrer em quantidades “catastróficas“, avisam os ecologistas, que defendem que a melhor maneira passa mesmo por abatê-los em grande escala.

O seu ciclo populacional oscilante tem sido um grande obstáculo ambiental para os australianos, uma vez que, após boas estações chuvosas, quando a forragem é abundante, os números de cangurus podem aumentar em dezenas de milhões.

Agora, os cangurus podem morrer à fome quando a comida esgotar, alerta a ecologista Katherine Moseby, em declarações à AFP.

“Eles estão a morrer à fome — vão a casas de banho públicas e comem papel higiénico, deitam-se, esfomeados, na estrada, enquanto os seus joeys (cangurus bebés) tentam comer”, afirmou, referindo-se à mais recente explosão populacional dos marsupiais.

Abatê-los e recolher a sua carne de modo a manter os números em conta é, para Moseby, a maneira mais simpática de poupar os cangurus deste destino.

“Se os víssemos como um recurso e os geríssemos como tal, não veríamos as mortes catastróficas que vemos”, rematou.

Animais nativos protegidos… no papel

Abater a espécie mais comum de cangurus é legal na maior parte das jurisdições australianas, apesar de ser necessária uma permissão do Governo.

De acordo com o Raw Story, cerca de 5 milhões de cangurus são abatidos todos os anos para obter carne, cabedal e até ração animal.

A população nacional de cangurus, recorda o membro da Associação da Indústria de Cangurus da Austrália Dennis King, caiu para menos de 30 milhões depois de uma seca nos anos 2000. Agora, essa queda pode registar-se outra vez, mas para 60 milhões, o que demonstra, para King, a rapidez e aceleração do seu ciclo de acasalamento.

“Após três anos de La Nina ao longo da costa este, vimos o cenário perfeito para o aumento dos cangurus ao longo dos próximos anos”, disse à AFP.

A ética por trás do cabedal de canguru

O cabedal proveniente dos cangurus, presente no calçado de super-empresas da moda desportiva como a Nike ou Puma, têm sido pressionados por grupos de ativistas dos direitos animais.

Tentativas que, para o investigador de gestão de cangurus George Wilson, são bem intencionadas, mas mal orientadas.

“Dizem que é pouco ético, mas deixá-los morrer à fome é pouco ético. A crueldade é não fazer nada quanto a isso”, confessou à AFP.

Tomás Guimarães, ZAP //

 

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