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Mãe de luso-descendente morto na Síria promete continuar a ajudar refugiados

justina.botelho/facebook

O fotógrafo luso-descendente Ali Mustafa

O fotógrafo luso-descendente Ali Mustafa

A mãe do fotojornalista canadiano de origem portuguesa morto na Síria há um ano afirma que vai continuar a apoiar os refugiados daquele país.

“Vamos continuar com a fundação. Se me deixassem, ficava com duas a três crianças, que não têm culpa de nada, pois estão a sofrer com a guerra”, afirmou Josefina Vieira, de 65 anos.

Filho de pai egípcio e de mãe portuguesa, Ali Mustafa foi morto a 9 de Março de 2014, na altura com 29 anos de idade, quando um avião governamental sírio bombardeou uma área rebelde em Alepo. Além do fotojornalista, morreram mais sete pessoas.

Josefina Vieira explicou que o seu filho tirava as fotografias e vendia-as para financiar a sua fundação para ajudar os refugiados na Síria, Turquia e no Egipto.

“Mandámos fazer quadros para uma exposição, e vendemos cada um a 100 dólares (73 euros) para ajudarmos a fundação”, acrescentou.

Na altura em que morreu, o lusodescendente estava a documentar os esforços de salvamento de uma equipa de emergência denominada White Helmets (Capacetes Brancos).

No Canadá há 34 anos, natural de Cuba do Alentejo, Josefina Vieira diz que o seu filho “foi um herói”, e nesta altura “estará certamente no céu”, pois tem a certeza de que “nunca pecou”.

A mãe recordou a última vez que falou com Ali: “Foi no dia seis de Março, através do skype, e ele, para não me preocupar, disse-me que estava na Turquia, mas vim a saber que já se encontrava na Síria. Estava muito magro. Perguntei-lhe se não tinha comida, até lhe tinha enviado o cartão de crédito, mas depois vi que não era por isso. Ele dava muito sangue e era esse o motivo de estar assim”.

Ali Mustafa vendia as suas fotografias à EPA (European Press Photo Agency) e à agência francesa SIPA, e publicava-as ainda no seu blogue, intitulado From Beyond the Margins (Para Além das Margens).

A Síria foi o país mais mortal para jornalistas em 2014, com pelo menos 17 profissionais mortos.

Para assinalar um ano da morte de Ali Mustafa, está patente até ao dia 12 de abril no Centro Cultural Beit Zatoun, em Toronto, uma exposição com fotografias do lusodescendente, com imagens do Médio Oriente, norte de África, Brasil e Canadá.

/Lusa

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