“LOL, olá pessoal”. Biden levou a campanha para o (proibido) TikTok

Gage Skidmore/Flickr

Joe Biden, Presidente dos EUA

Campanha do presidente dos EUA aproveitou o Super Bowl de domingo para apresentar um candidato mais “brincalhão”. TikTok é visto por outros políticos como uma ferramenta de espionagem e a jogada já levantou críticas.

Tentando chegar aos eleitores jovens, a equipa de campanha do presidente Joe Biden aproveitou o Super Bowl de domingo, a final do campeonato de futebol norte-americano para lançar no TikTok uma mensagem com um tom bastante humorístico.

No vídeo publicado na conta @bidenhq, com o título “LOL [laughing out loud ou, em português, a rir muito alto], olá pessoal”, o presidente democrata, de 81 anos, com as mãos nos bolsos e um traje bastante informal, protagoniza uma sessão de perguntas e respostas misturando desporto e política.

Questionado, sobre a final de futebol americano, se torcia pelos Kansas City Chiefs ou pelos San Francisco 49ers, um Biden brincalhão disse que apoiava os Philadelphia Eagles, porque caso contrário “estaria a dormir sozinho”, já que a esposa “é uma rapariga de Philly”.

Entre as questões estava a pergunta sobre uma conspiração secreta para falsear o jogo e garantir que a estrela da música pop Taylor Swift — cujo namorado Travis Kelce venceu a final com a equipa de Kansas City — pudesse usar a sua fama para apoiar a candidatura do presidente. Biden, em tom de brincadeira, respondeu: “Teria problemas se lhe contasse”.

@bidenhqlol hey guys♬ Fox nfl theme – Notrandompostsguy

“A chegada do presidente ao TikTok ontem (domingo) à noite — com mais de cinco milhões de visualizações, até agora — ilustra tanto o nosso compromisso, como o nosso sucesso quando se trata de encontrar formas inovadoras de alcançar os eleitores num ambiente mediático em mudança, fragmentado e cada vez mais individualizado”, argumentou o diretor adjunto de campanha, Rob Flaherty, em comunicado.

“Portas abertas para interferência” da China

A visão da campanha de Biden não é partilhada por outros políticos norte-americanos, que lembram que o TikTok é proibido para membros do governo e acusam a rede social, propriedade do grupo chinês ByteDance, de ser uma ferramenta de propaganda e espionagem do governo chinês, o que a empresa nega categoricamente.

“Do ponto de vista da segurança nacional ainda existem preocupações quanto ao uso do TikTok em dispositivos do governo federal”, confirmou hoje John Kirby, um dos porta-vozes da Casa Branca.

A senadora republicana Joni Ernst, na rede social X (antigo Twitter), censurou que a campanha de Biden se juntasse a “esta perigosa aplicação de propaganda do Partido Comunista Chinês“, enquanto Mike Waltz, representante conservador eleito na Câmara dos Representantes, atacou: “nada como dar ao Partido Comunista Chinês acesso a todos os dados de uma campanha presidencial”. “Portas abertas para operações de interferência!”, acrescentou.

Até mesmo outros democratas ficaram de pé atrás. Michael Starr Hopkins, estratega que trabalhou nas campanhas de Barack Obama e Hillary Clinton, disse que muitos democratas têm hesitado em usar o TikTok para se conectar com os eleitores devido às preocupações com a segurança dos dados.

De acordo com dados citados pela BBC, as sondagens têm sugerido que os eleitores mais jovens, mais propensos a ver Biden como demasiado pró-Israel, ficaram descontentes com a sua gestão da guerra em Gaza; outros acham que o presidente não fez o suficiente em relação ao perdão de empréstimos estudantis.

Mais alarmante para os estrategas democratas são os resultados de algumas sondagens em que se vê Biden atrás do seu rival, o ex-Presidente Donald Trump, de 77 anos, entre os eleitores mais jovens.

A Casa Branca sofreu recentemente um abalo político, após um inquérito do departamento de Justiça sobre a sua gestão de documentos classificados o ter apelidado de “um homem idoso bem-intencionado com uma memória fraca”.

ZAP // Lusa

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