Kikas foi premiada pelo Turismo de Portugal. Agora, é arguida por lenocínio

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A empresária de Santarém Maria da Conceição da Costa António, mais conhecida como Kikas.

A empresária de Santarém Maria da Conceição da Costa António, mais conhecida como Kikas.

A famosa empresária da noite Kikas é arguida por lenocínio e branqueamento de capitais. A mulher que liderou a casa de alterne mais famosa do país, e que se reformou recentemente dos negócios da noite, já foi distinguida por três vezes pelo Turismo de Portugal.

Maria da Conceição da Costa António, de 64 anos e mais conhecida como Kikas, é um dos arguidos constituídos no âmbito da Operação Matertera que levou o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) ao bar La Siesta, em Santarém.

Kikas passou, entretanto, o bar, a mais famosa casa de alterne do país, a empresários espanhóis, reformando-se da noite.

Além de Kikas e da sua empresa unipessoal, foram também constituídos arguidos o seu sócio, João Pedro Paulos, e a sociedade Palkensaio.

As autoridades identificaram cerca de 50 cidadãs estrangeiras, sendo que metade “estavam em situação irregular em território nacional”, segundo refere o SEF ao Público.

Além disso, foram apreendidos vários documentos e de mais de 60 mil euros, sob suspeita de que resultaram de actividades de “exploração sexual”.

“A actividade criminosa possibilitou, ao longo de dezenas de anos, que a arguida auferisse avultados lucros indevidos com a exploração sexual de mulheres estrangeiras, cuja actividade de cariz sexual indicia ocorrências de tráfico de pessoas”, considera o SEF em comunicado citado pelo Público.

Bar de Kikas recebia excursões de todo o país

O bar La Siesta, localizado em Vale de Santarém, é famoso a nível nacional como casa de alterne, realizando também espectáculos de strip e despedidas de solteiro. Funciona ainda como café e restaurante.

Ao longo dos anos, o espaço foi sendo notícia, nomeadamente pelas excursões de autocarros que chegavam de vários pontos do país.

Entre os clientes da famosa casa de Kikas haverá figuras famosas e de áreas importantes da sociedade e da economia.

PME Líder por três vezes

A empresa que gere este, e outros negócios da empresária, a Maria da Conceição da Costa António unipessoal, foi premiada, pelo menos por três vezes, com a distinção PME Líder do Turismo de Portugal enquanto estabelecimento de bebidas com espaço de dança.

O estatuto PME Líder é “um selo de reputação de empresas, criado pelo IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, para distinguir o mérito das pequenas e médias empresas (PME) nacionais com desempenhos superiores”, explica o Turismo de Portugal no seu site.

O estatuto concede várias vantagens, nomeadamente o “acesso em melhores condições a produtos financeiros e a uma rede de serviços, a facilitação da relação com a banca e um certificado de qualidade para as empresas na sua relação com o mercado”, salienta ainda a entidade.

Em 2022, a empresa de Kikas apresentou um volume de negócios superior a 800 mil euros, um valor recorde em comparação com 2021 (359 mil euros) e 2020 (231 mil), segundo dados recolhidos pelo Público.

Em 2022, no seguimento dos prejuízos resultantes da pandemia, a empresa chegou a receber cerca de 94 mil euros da União Europeia através do REACT-EU Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, ainda de acordo com o mesmo jornal.

Kikas reformou-se por “cansaço” da noite

Kikas anunciou a sua saída do La Siesta, e dos negócios na noite, recentemente. Fez um anúncio oficial no Facebook e foi notícia por todo o país.

Criámos memórias em Portugal e no mundo, colocando o nome do La Siesta (A Kikas) nos mais altos níveis reputacionais”, escreveu a empresária numa publicação nesta rede social.

“Essa reputação só se criou com muito rigor, inovação, bom atendimento do cliente e, sobretudo, devido ao respeito mútuo que era uma obrigação intransigente nas normas da casa”, acrescentou na publicação.

“O sucesso deu-nos visibilidade suficiente para podermos, ao longo dos anos, ajudar inúmeras causas sociais, quer singulares, quer colectivas, inúmeros eventos de solidariedade, onde os nossos fiéis clientes eram inexcedíveis na ajuda ao próximo e criámos inúmeros postos de trabalho“, realçou ainda Kikas.

“Não posso terminar sem uma palavra de gratidão e enorme apreço à população do Vale de Santarém, nomeadamente a população circundante ao bar onde sempre imperou a cooperação, a compreensão e um enorme respeito”, termina a empresária.

Em declarações ao jornal local O Mirante, Kikas revela que deixou o negócio por “cansaço” e “por estar a ser cada vez mais difícil trabalhar na noite“.

“Quero viver com a família”, diz ainda.

Em 2007, Kikas foi julgada por lenocício e auxílio à imigração ilegal no Tribunal de Santarém. Mas acabou por ser absolvida, com a juíza do caso a considerar que não havia provas “suficientemente fortes” para a condenar.

ZAP //

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