Jodie Foster quebrou o silêncio sobre a tentativa de assassinato de Ronald Reagan em 1981, que foi motivada pelo alegado “amor” de um fã da actriz. A vedeta de Hollywood conta que o trauma foi tal que a afastou para sempre do teatro.
O homem que tentou matar Ronald Reagan, então presidente dos EUA, em 1981, John Hinckley Jr., alegou que o fez para impressionar Jodie Foster.
Os tiros que desferiu contra o governante foram “a maior oferta de amor da história do mundo”, chegou a dizer.
Hinckley Jr. tinha ficado obcecado por Jodie Foster depois de a ter visto a interpretar o papel de “Iris”, uma prostituta adolescente no filme clássico de 1976 “Taxi Driver” com Robert de Niro como protagonista.
A actriz tinha apenas 18 anos na altura, e ficou traumatizada para sempre, recusando-se inclusive a falar do episódio nas muitas entrevistas que deu nestes últimos anos.
“O mundo desmoronou”…
Agora, aos 61 anos, Jodie Foster quebra, finalmente, o silêncio sobre o delicado tema numa entrevista à revista Interview.
“O mundo desmoronou, havia pessoas dos Serviços Secretos por todos os lados, tinha guarda-costas e tiveram que levar-me para uma casa de segurança“, lamenta.
A actriz também diz que o tiroteio contra Reagan contribuiu de forma decisiva para que nunca mais fizesse teatro.
“Finalmente, posso admitir que a única peça de teatro que fiz foi quando estava na Universidade, porque havia muito trauma envolvido“, refere.
… E depois um “incidente bastante aterrador”
A actriz entrou numa peça universitária num fim-de-semana e entre a primeira e a segunda exibição, “John Hinckley disparou contra o presidente”, conta.
“Tive a ideia tonta de que “o espectáculo tem de continuar”, acrescenta, realçando que pensou que tinha de fazer o segundo fim-de-semana da peça. Mas, então, aconteceu um “incidente bastante aterrador”, relata ainda Jodie Foster.
“Havia gente por todo o lado, câmaras em todos os sítios, e havia um tipo na primeira fila [do teatro], e percebi que era a segunda noite que estava lá; e resolvi gritar durante toda a peça: Vai-te f****, filho da p***!“, nota na entrevista.
“No dia seguinte, foi revelado que esse tipo tinha uma arma, e ele levou-a para a apresentação”, diz ainda, contando também que o seu guarda-costas acabou a atirá-la ao chão, durante uma aula, porque estava foragido.
“Foi muito constrangedor porque só havia 10 pessoas lá”, destaca. Mas, mais do que isso, foi um momento “traumático” e talvez explique por que é que “nunca mais quis fazer uma peça”, assume Jodie Foster.
Durante anos, a actriz não quis falar do assunto em público. Chegou a incluir cláusulas nos seus contratos, para vetar quaisquer perguntas sobre esse episódio nas entrevistas de promoção dos filmes onde participou.
Hinckley Jr. pediu perdão a Jodie Foster
Hinckley Jr. tinha 25 anos quando cometeu o crime e foi considerado inimputável, tendo sido internado num hospital psiquiátrico em Washington.
Em 2016, conseguiu a liberdade com vigilância. E em 2022, obteve a liberdade provisória.
No ano passado, deu a sua primeira entrevista televisiva à CBS, expressando arrependimento e sublinhando que não se lembrava do que o moveu a atacar Reagan.
Também pediu perdão à sua família, a Ronald Reagan, à família de James Brady, secretário de imprensa da Casa Branca que ficou paralisado devido a uma bala que atingiu a sua cabeça, e a Jodie Foster.
“Sei que, provavelmente, não me podem perdoar agora, mas só quero que saibam que me arrependo do que fiz“, sublinhou Hinckley Jr. que não quis comentar o fascínio que tinha pela actriz. “É algo que não quero recordar”, concluiu.