Henry Brown escapou da escravatura em 1849. Decidiu acomodar-se no interior de uma caixa de madeira com 90×60 centímetros e, 27 horas e 560 quilómetros depois, chegou à casa de um barbeiro da Filadélfia.
A história de Henry Brown é contada pelo The National Geographic, que conta que foi nesta altura que os abolicionistas perceberam o potencial do serviço postal norte-americano.
Foi no meio deste período tumultuoso que a Adams Express, uma empresa de transportes privada, entregou Henry Brown na casa de William Johnson.
O escravo, que passou 35 anos enquanto propriedade do dono de uma plantação na Virgínia, chegou a casa e descobriu que a sua esposa e os seus três filhos tinham sido vendidos. Segundo o seu relato, quando começou a orar por ajuda, ouviu as palavras: “Pega numa caixa e mete-te lá dentro.” E assim o fez.
Sem querer, Henry “Box” Brown tornou-se o melhor exemplo do poder da entrega de correspondência nos Estados Unidos, segundo Hollis Robbins, estudiosa da literatura afro-americana.
A agora reitora da Escola de Artes e Humanidade da Universidade de Sonoma, na Califórnia, considera que foram os avanços na entrega de correspondência que possibilitaram a fuga de Brown. O serviço postal acabou por ser uma ferramenta para acabar com o reduto da escravatura.
A caixa de madeira feita para Henry Brown tinha 90 centímetros de comprimento, 60 centímetros de largura e três orifícios de ventilação. O escravo dobrou-se na caixa com um recipiente com água, algumas bolachas e uma ferramenta afiada para fazer mais furos para respirar.
A caixa foi transportada por vagões de comboio, barcos a vapor e carroças e, apesar de conter o aviso “Cuidado: Este lado para cima”, a caixa foi invertida durante o transporte.
A 12 anos de os Estados Unidos abolirem a escravatura, a fuga de Henry Brown foi elogiada como um milagre dos tempos modernos. O sinal de que a rede de transportes era capaz de entregar um homem em pouco mais de um dia animava os mais reticentes.
No mesmo ano em que Henry Brown escapou, a penitenciária de Richmond adicionou um crime à sua lista: “Incitar escravos a fugir em caixas”. Um dos prisioneiros detidos foi Samuel Alexander Smith, o homem que enviou Brown, por ter sido apanhado a tentar enviar mais escravos. Acabou condenado a seis anos de prisão.