Os 89 arguidos do processo Hell’s Angels, acusados de crimes graves, incluindo associação criminosa, vão todos a julgamento, depois de confirmada na íntegra a acusação do Ministério Público, disse hoje à agência Lusa um dos advogados ligados ao processo.
Segundo o mesmo advogado, o juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), decidiu pronunciar todos os arguidos “nos exatos termos da acusação”, sendo que agravou a medida de coação imposta a muitos dos arguidos, colocando mais de 50 deles em obrigação de permanência na habitação (OPH), vulgarmente designada por prisão domiciliária.
O despacho de pronúncia de Carlos Alexandre tem mais de mil páginas, adiantou a fonte.
Nas alegações do debate instrutório, ocorrido em 20 de julho, o Ministério Público (MP) pediu a ida a julgamento de todos os arguidos, sustentando que todos praticaram os crimes que constam na acusação, que teve como meios de prova escutas telefónicas, documentos apreendidos ao grupo ‘motard’ e o depoimento de testemunhas e arguidos.
Na altura, o MP deu como provado, entre outros factos, o ataque perpetrado pelos arguidos e membros do grupo Hell’s Angels no restaurante Mesa do Prior, no Prior Velho, bem como a perseguição movida por estes a Mário Machado, líder do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social e que pertencia a um grupo ‘motard’ rival.
O procurador deu então como provados os outros crimes constantes da acusação, incluindo extorsão e posse de arma proibida, designadamente soqueiras, mocas e bastões extensíveis.
A acusação do MP considerou que aqueles membros do grupo ‘motard’ Hell’s Angels elaboraram um plano para aniquilar um grupo rival, em março de 2018, com recurso à força física e a várias armas para lhes causar graves ferimentos, “se necessário até a morte”.
Contactado hoje pela Lusa, o advogado José Castro, mandatário de Mário Machado (assistente no processo), congratulou-se com a decisão do juiz Carlos Alexandre e disse “esperar que em julgamento se proceda à condenação efetiva dos arguidos, por forma a que se faça justiça”.
Em contrapartida, os advogados de defesa contestam a acusação do MP, sobretudo a imputação do crime de associação criminosa, apontando diversas nulidades do processo, que poderão vir a dar azo a recursos.
Os arguidos estão acusados de crimes como associação criminosa, tentativa de homicídio qualificado agravado pelo uso de arma, ofensa à integridade física, extorsão, roubo, tráfico de droga e posse de armas e munições, entre outros ilícitos.
// Lusa