Perto da Califórnia, na Baía de Monterey, a milhares de metros de profundidade, um grupo de cientistas filmou recentemente um peixe com uma cabeça cristalina e uns olhos verdes em formato tubular.
Embora este peixe, conhecido como “olho-de-barril”, tenha sido descoberto em 1939, as primeiras imagens foram capturadas em redes que destruíram as suas cabeças transparentes.
Cientistas do Instituto de Pesquisa do Aquário de Monterey Bay (MBARI) conseguiram agora captar pela primeira vez imagens em vídeo da fugidia espécie, com a ajuda de veículos submarinos controlados remotamente (ROV).
No entanto, após 5.600 mergulhos e mais de 27.600 horas de vídeo captadas, a espécie foi avistada apenas 9 vezes. A semana passada, um dos ROV Ventana do MBARI conseguiu captar imagens de um “olho de barril”, suspenso na água, e o instituto publicou um tweet com as imagens do peixe.
MBARI’s ROVs Ventana and Doc Ricketts have logged more than 5,600 dives and recorded more than 27,600 hours of video—yet we’ve only encountered this fish nine times! pic.twitter.com/WNdVLClEoj
— MBARI (@MBARI_News) December 9, 2021
Segundo Thomas Knowles, aquarista sénior do MBARI, na altura o ROV encontrava-se a navegar a uma profundidade de cerca de 650 metros, no Monterey Submarine Canyon, uma das ravinas mais profundas da costa do Pacífico
“O que apareceu no periscópio era muito pequeno, mas eu soube imediatamente o que estava a ver. Não podia ser confundido com uma coisa qualquer”, contou o cientista.
“Todos sabíamos que esta era uma experiência única na vida, visto que esta espécie é vista muito raramente”, diz Knowles, “e o burburinho de excitação fazia-se ouvir na sala do controlo”.
Aos olhos do ROV, os olhos do “olho-de-barril” brilhavam num verde reluzente e podiam ser vistos facilmente através da bolha transparente e cheia de líquido que cobre a cabeça do peixe.
Estes olhos são incrivelmente sensíveis à luz. À frente deles estão duas cápsulas com uma cor escura que contém os órgãos que o animal usa para cheirar.
De acordo com o MBARI, este animal habita entre o Mar de Bering, no Japão, e a Baja Califórnia. Vive a centenas de metros abaixo da superfície, na zona crepuscular do oceano, mais precisamente a cerca de 600 a 800 metros.
Os cientistas não têm a noção exata de quantos peixes desta espécie flutuam nas profundezas do oceanos. “Não temos controlo sobre o tamanho da população, exceto em sentido relativo”, diz Bruce Robison, cientista sénior do MBARI, ao Live Science.
Na próxima primavera, o Aquário de Monterey Bay vai inaugurar uma exposição com o tema “Into the Deep: Exploring Our Undiscovered Ocean”, que mostrará todo o tipo de criaturas das profundidades do oceano.