Cientistas da Universidade Tecnológica de Michingan (MTU), nos Estados Unidos, examinaram o submundo do lago subglacial antártico Whillans, cujas caraterísticas ambientais não parecem ser da Terra.
De acordo com o estudo publicado em fevereiro na revista científica Global Biochemical Cycles, o lago tem uma surpreendente quantidade de carbono orgânico, uma fonte vital de alimento para os micróbios da Antártida.
A vida sob o gelo tem de aguentar muita coisa: não há luz solar e a pressão do gelo acima, combinada com o calor que irradia do núcleo da Terra, derrete a água para formar o lago, de modo que a temperatura paira logo abaixo do ponto de congelamento.
O carbono orgânico, uma importante fonte de alimento para os microorganismos, está presente em concentrações relativamente altas no lago subglacial Whillans.
No entanto, quando as câmaras dos investigadores entraram no buraco do lago subglacial Mercer – vizinho de Whillans -, os cientistas perceberam que o lago é escuro, frio, cheio de sedimentos macios e esponjosos e está coberto de gelo cheio de bolhas.
“Não há fotossíntese sob o gelo no oceano a jusante deste lago. Isso limita as fontes de alimento e energia disponíveis de uma forma que não seria encontrada num lago de superfície ou em mar aberto. A ideia é que estes lagos subglaciais que são maiores, podem fornecer fontes importantes de energia e nutrientes aos seres que vivem nas regiões cobertas de gelo do Oceano Antártico”, disse Trista Vick-Majors, autora principal do estudo, em comunicado.
Vick-Majors disse ainda que o estudo dos lagos subglaciais pode fornecer informações sobre a forma como a vida começa noutras partes do mundo. “Há água e vida sob o gelo. Isso pode ensinar muito sobre o nosso planeta, porque este é um ótimo lugar para observar ecossistemas simplificados, sem níveis mais altos de organismos. Depois, podemos responder perguntas sobre a vida noutros lugares que podem ser realmente difíceis de responder”, rematou.