/

França 0-0 Portugal | Lusos negam desforra e seguram liderança

Manuel de Almeida / Lusa

O 26º confronto deste domingo entre França e Portugal que decorreu no Stade de France, em Paris, terminou com um nulo.

Foi apenas a segunda vez que o embate entre estas duas equipas nacionais terminou empatado, registando-se, ainda, 18 triunfos dos campeões mundiais e seis dos detentores do ceptro europeu.

A partida foi muito táctica, não obstante isso, houve um predomínio luso nos primeiros 46 minutos e sinal mais para os gauleses, essencialmente até aos 75 minutos.

A partir de então, a equipa das “quinas” voltou a controlar o ritmo e até esteve próxima de marcar já na fase de descontos.

Fernando Santos cumpriu, este domingo, o jogo 75 como seleccionador, o que faz com que passe a ser o treinador com mais jogos ao comando da turma nacional.

 

O jogo explicado em números

  • Da equipa que iniciou o duelo ibérico diante da Espanha, Fernando Santos procedeu a sete alterações. João Cancelo, Rúben Semedo, Rúben Neves, João Moutinho, Renato Sanches, Trincão e André Silva foram substituídos, respectivamente, por Nélson Semedo, Rúben Dias, Danilo Pereira, William Carvalho, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e João Félix. O seleccionador voltava a apostar no trio atacante formado por Félix, CR7 e Bernardo, que já tinha testado ante a Suécia

    Do lado gaulês, Didier Deschamps apostou num “onze” muito semelhante ao que actuou na final do Mundial 2018 ante a Croácia, e as únicas alterações foram as saídas de Umtiti e Matuidi e as entradas de Kimpembe e de Rabiot.

  • Com 51% da posse de bola, 94 passes trocados e uma eficácia de 90%, Portugal entrou de forma afirmativa e personalizada num relvado de tão boa memória. Após um cruzamento perigoso de Nélson Semedo aos 11 minutos, no seguinte por muito pouco Bernardo Silva não conseguiu dar a melhor sequência a um passe de Bruno Fernandes.
  • À excepção de um cabeceamento de Pogba aos 17 minutos, o domínio luso era quase completo, muito graças à segurança e concentração do eixo defensivo e a uma circulação do esférico feita de forma criteriosa e com muita variabilidade. Lucas Hernández foi veloz e impediu que Cristiano Ronaldo rematasse já dentro da área contrária (24′), num lance de grande perigo.
  • Depois, Nélson Semedo atirou às malhas laterais da baliza de Lloris e João Félix desviou e falhou o alvo por escassos centímetros (35′). Dos seis remates – dois dos gauleses e quatro dos lusitanos – feitos até aos 35 minutos, apenas um foi enquadrado, mas Rui Patrício agarrou o tiro de Griezmann.
  • Faltou uma maior contundência e mais objectividade junto à baliza da França para que a primeira parte de Portugal pudesse ter uma nota mais elevada. Ao contrário da partida ante a Espanha, os campeões da Europa não perderam tempo e desde os instantes iniciais que assumiram as rédeas do encontro.
  • A pressão não era asfixiante, mas bem feita, condicionando a primeira fase de construção, ora feita por Rabiot, ora por Pogba.
  • Somente ao minuto 44 é que os franceses gizaram o lance de maior perigo, aproveitando uma precipitação de Danilo, mas o remate de Giroud saiu para fora. Por sua vez, Portugal acercou-se por diversas vezes da baliza dos anfitriões, mas faltava uma maior assertividade dos homens de Fernando Santos no momento da finalização.
  • Kimpembe foi o MVP da primeira metade, com um GoalPoint Rating de 6.0, com nenhum passe falhado em 29, 35 acções com a bola, incríveis oito recuperações de bola, duas intercepções e dois alívios.
  • Do lado de Portugal, Bernardo Silva, com um rating de 5.8, era o elemento mais destacado, com quatro passes valiosos ofensivos (feitos de forma eficaz a menos de 25 metros da baliza adversária), 20 passes certos em 22 realizados (91% de eficácia) e 30 acções com o esférico.
  • Aos 47 minutos, uma genialidade de Mbappé, que fintou o novo colega de equipa no PSG, Danilo Pereira, mas Rui Patrício, com uma intervenção segura, deixou o marcador empatado a zero. Os campeões mundiais já tinham mais remates que Portugal – cinco contra quatro – nesta fase. Na resposta, aos 50, Raphaël Guerreiro cruzou para a zona do segundo poste, mas CR7 não conseguiu visar o alvo da melhor maneira.
  • Com a mobilidade de Griezmann – que começou a aparecer mais próximo de Danilo e William para dirigir os ataques da selecção francesa – a causar alguns problemas a Portugal na zona do meio-campo, Fernando Santos decidiu não esperar demasiado tempo e mexeu no “xadrez”, retirando Bernardo Silva aos 61 minutos e lançando Diogo Jota, menos “pensador” e associativo do que o camisola “10”, mas mais voraz no ataque à profundidade.
  • Aos 69 minutos, Rúben Dias fez um enorme corte e travou mais uma investida venenosa de Mbappé e, dois minutos volvidos, Nélson Semedo esteve atento e negou que a bola fosse ter com Griezmann, que estava nas costas do lateral-direito. O lance mais perigoso de Portugal só ocorreu aos 71 minutos: João Félix, depois de um lance de entendimento entre Nélson Semedo e Diogo Jota, rematou mas a bola saiu à figura de Lloris. À quinta tentativa, a selecção nacional conseguiu atirar em direcção ao alvo. Pepe ainda marcou aos 73, mas o defesa-central estava em posição irregular.
  • Com a passagem do tempo e o nulo a perdurar, Fernando Santos começou a refrescar a equipa. Já após a entrada de Renato Sanches para a vaga de Bruno Fernandes, seguiram-se Raphaël Guerreiro, William e João Félix, substituídos por João Cancelo, João Moutinho e Trincão. Já em período de descontos, Renato Sanches arriscou, mas Lloris, atento, agarrou o esférico. Foi a nona tentativa portuguesa.
  • No ataque seguinte, Trincão ligou o “turbo”, tirou tudo e todos do caminho, assistiu Cristiano Ronaldo que, descaído sobre o lado esquerdo, desferiu um míssil que foi travado com uma enorme intervenção de Lloris, na ocasião mais clara que houve na etapa complementar. Pouco depois, o apito final. Com este resultado, franceses e portugueses somam os mesmos sete pontos neste Grupo 3 da Liga das Nações A, deixando o duelo rumo à “final four” em aberto.

 

O melhor em campo GoalPoint

Tal como ocorreu na primeira parte, Kimpembe conseguiu manter a bitola, protagonizou duelos faiscantes com Cristiano Ronaldo e foi o melhor jogador em cena com um GoalPoint Rating de 7.1.

Muito eficaz no capítulo do passe – um falhado em 49 -, fez ainda dois passes progressivos certos, 66 acções com a bola, saiu vencedor nos três duelos aéreos ofensivos em que interveio, registou nove recuperações de posse, oito alívios e duas intercepções.

Jogadores em foco

  • Pavard 6.7 – Muitas vezes abusou na dureza na abordagem aos lances, mas conseguiu destacar-se graças à simplicidade com que soube ultrapassar as dificuldades que lhe foram surgindo. Realce para os três cruzamentos que fez, quatro recuperações, seis desarmes, três intercepções e três alívios. Como dado negativo, consentiu três dribles.
  • Rui Patrício 6.4 – Não teve tanto trabalho como na partida contra Espanha, mas das poucas vezes que foi chamado a intervir, disse presente com três defesas, transmitindo muita segurança aos seus colegas. Com 89 internacionalizações, o guardião entrou no restrito grupo de jogadores com mais jogos pelas cores nacionais.
  • Kanté 6.1 – Uma espécie de seguro de vida. Seguro, prático e uma “formiguinha” de muito trabalho e talento. Fez três passes valiosos, cinco longos correctos em outros tantos tentados e oito recuperações.
  • Raphael Guerreiro 6.1 – Foi responsável por criar uma oportunidade flagrante de golo, nove passes progressivos correctos e foi o jogador em todo o encontro com mais acções com a bola, num total de 111.
  • Pepe 6.0 – No dia em que igualou Nani como o quarto jogador com mais internacionalizações (as mesmas 112), o defesa-central voltou a demonstrar que, apesar dos 37 anos, continua a ser fiável e um elemento indispensável. Falhou apenas um passe dos 51 que fez (98% de eficácia), acertou os seis passes longos que realizou e não perdeu nenhum dos três duelos aéreos defensivos que protagonizou.
  • Cristiano Ronaldo 5.3 – Com total liberdade de movimentos, CR7 tentou por três vezes visar o alvo, sendo que apenas em cima do apito final acertou, obrigando Lloris à defesa mais difícil do encontro. Foi dos mais rematadores, com três disparos, só falhou três de 37 passes, somou três acções com a bola dentro da área gaulesa, e muita pena a ocasião flagrante que desperdiçou.

Resumo

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.