Fantasporto com o orçamento mais curto de sempre

O thriller espanhol Marrowbone é o filme de abertura da 38.ª edição do Fantasporto

Há 20 anos, o orçamento do Fantasporto era de 1.5 milhões de euros. Na edição de 2018 corresponde a menos de 100 mil euros.

A 38ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto é a mais barata da história do evento. Os custos totais do Fantasporto não ultrapassam este ano os 100 mil euros, uma redução de cerca de 40% face ao ano passado.

Mário Dorminsky, co-fundador e organizador do certame, lamenta a falta de apoios públicos e privados àquele que crê ser o maior evento do género em Portugal, como notou na conferência de imprensa de apresentação do festival, que decorreu esta quarta-feira, no Teatro Rivoli.

“Tem sido extremamente difícil alargar o leque de apoios. Praticamente todas as empresas que apoiam eventos culturais estão em Lisboa”, referiu Dorminsky, que apelou à descentralização dos apoios, afirmando que pretende continuar a organizar o Fantas no Porto.

Os apoios ao festival chegam da Câmara do Porto, com cerca de 25 mil euros, do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), um valor inferior a 50 mil euros, e de duas instituições privadas. “A bilheteira não paga o cinema. Em Espanha um bilhete custa 15 euros, em Portugal custa 5 euros”, reflete o organizador.

A falta de financiamento resulta num decréscimo acentuado do orçamento disponível, que há 20 anos era de 1.5 milhões de euros e que atualmente não chega aos 100 mil euros. “Para o público vai continuar a ser um festival muito bom, porque cortámos no não essencial, no não visível”, assegurou Beatriz Pacheco Pereira, também da organização. “Mas gostávamos de fazer muito mais”.

Para Mário Dorminsky, os cortes prejudicam de forma objetiva a imagem forte que o Fantas pretende passar internacionalmente. “Temos tentado equilibrar uma imagem que nem devia ser da nossa preocupação. Devia ser da Câmara, do Estado, do Ministério da Cultura”, insistiu.

Lauro António homenageado

De 609 filmes inscritos vindos de 60 países dos “cinco cantos do Mundo”, foram selecionados 112 filmes inéditos, a maioria em antestreia mundial, antestreia europeia e antestreia internacional.

O Fantasporto 2018 vai decorrer entre os dias 20 de fevereiro e 4 de março, no teatro Rivoli. Inicia-se com “Marrowbone de Sergio G. Sanchez (Espanha), uma produção falada em inglês, e fecha com “Le Fidèle” de Michael R. Roskam (Bélgica), o candidato do país aos Óscares.

As competições abrem no dia 23 de fevereiro, com a mega-produção russa “Anna Karenina: Vronsky’s Story” do realizador, já homenageado pelo Fantas, Karen Shaknazarov.

No que respeita ao Prémio de Cinema Português, existem 45 filmes novos como candidatos, dos quais se destacam as antestreias mundiais “Uma Vida Sublime”, de Luís Diogo, “Aparição”, de Bernardo Lopes e “Doutores Palhaços”, de Hélder Faria.

Lauro António, realizador e argumentista, marcará presença no dia 3 de março, com uma sessão dedicada a “Manhã Submersa”, a sua primeira e marcante longa-metragem.

A ética é grande tema desta 38ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto. Serão apresentados filmes que refletem sobre as questões éticas e morais que vão desde ciência, à comunicação social ou à política.

As sessões contarão com a presença de vários convidados, disponíveis para conversas no final da exibição dos seus filmes. Haverá ainda espaço para conferências, debates e exposições na programação.

// JPN

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