Austrália. Ex-primeiro-ministro acusa sucessor de “enganar as pessoas” sobre os incêndios

thejointstaff / Flickr

Malcolm Turnbull, ex-primeiro-ministro da Austrália

O antigo primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull acusou o seu sucessor, Scott Morrison, de “enganar” o país ao “minimizar” a influência das alterações climáticas nos incêndios.

Em entrevista à BBC na terça-feira, citada pelo Expresso, Turnbull – deposto em 2018 por Morrison – mostrou-se incapaz de explicar a abordagem de Morrison aos incêndios que lavram desde setembro e mataram pelo menos 30 pessoas, arrasaram milhares de casas e cujo impacto na vida selvagem pode nunca vir a ser conhecido.

“Toda a gente sabia que estávamos num período muito seco antes da época dos incêndios e que provavelmente seria muito má. Em vez de fazer o que um líder deve fazer, Morrison subestimou e, por vezes, desconsiderou a influência das alterações climáticas”, acusou. “É um absurdo do ponto de vista científico. Por isso, trata-se de enganar as pessoas”.

E frisou: “Depois, claro, escolheu ir de férias para o Havai no auge da crise. Não consigo explicar nada disto. Simplesmente não é consistente com a forma como um primeiro-ministro agiria ou deveria agir numa crise nacional como esta”.

O ex-primeiro-ministro reconheceu ter causado “grande ansiedade na Austrália” ao levar a família de férias para os Estados Unidos (EUA) numa altura em que temperaturas recorde agravavam os incêndios. Para o chefe do Governo, as alterações climáticas são “um de muitos fatores” responsáveis pelos fogos.

Durante a entrevista, Turnbull classificou o Presidente norte-americano, Donald Trump, como “o principal negacionista” das alterações climáticas, alertando que a falta de liderança dos EUA no assunto é “extremamente prejudicial”.

Na Austrália, apontou o também ex-primeiro-ministro Tony Abbott como “provavelmente o mais destacado negacionista na política australiana”. “Mas há muitos outros envolvidos numa guerra contra a ciência. É uma abordagem extraordinariamente irracional e autodestrutiva”, alertou.

ZAP //

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