Controlar o partido ou ganhar o país? Estratégia de Montenegro suscita críticas no PSD

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PSD / Flickr

Luís Montenegro, líder do PSD

Há vozes dentro do PSD que questionam se a estratégia de Montenegro, que está mais focado em conquistar o aparelho do partido, é certeira.

Luís Montenegro fez uma campanha para a liderança do PSD onde prometeu fazer uma oposição ao PS mais forte do que Rui Rio. Dado não ser deputado, Montenegro tem uma menor presença mediática, mas isso não o tem impedido de deixar a sua marca, tendo o líder social-democrata feito uma digressão pelo país desde então e aproveitado para contactar diretamente com os eleitores.

A estratégia de Montenegro está a dividir os sociais-democratas. Por um lado, há quem esteja contente com o seu estilo mais duro em comparação com Rui Rio, mas há outros que questionam a falta de uma estrutura ideológica sólida.

Uma fonte do PSD revela ao Público que Montenegro está mais preocupado em “ganhar a máquina” partidária do que em “ganhar o país” com esta digressão por todos os distritos. “Rio não tinha essa preocupação com o grupo parlamentar, quanto mais com presidentes de concelhia. Montenegro anda a ganhar todas estas concelhias. Não seria a minha estratégia”, acrescenta o deputado.

“Até podes ser o melhor do mundo, mas se o partido não gostar de ti não tens hipótese”, refere. Mesmo que o PSD tenha um mau resultado no primeiro teste eleitoral de Montenegro — as europeias de 2024 — o deputado acredita que o líder pode “dizer que só está a começar e pedir que lhe dêem a mão”.

Mas há também quem acredite que Montenegro não terá assim tantas abébias caso de saia mal nas urnas. “Ou Montenegro é candidato com um resultado excelente ou terá oposição, que poderá vir de Carlos Moedas”, afirma outro membro do partido.

Outros sociais-democratas lamentam a falta de um projeto ideológico. “Nem para o PSD, nem para o país. Se tem esse projecto, nunca o ouvi”, diz um.

Apesar destas apreensões, faltam ainda quatro anos para o final da legislatura do PS. E com poucos meses de vida, este Governo já foi palco de várias polémicas e trocas no elenco, o que evidencia um desgaste de que Montenegro pode capitalizar.

As recentes sondagens têm evidenciado uma aproximação nas intenções de voto entre o PS e o PSD, graças ao enorme tombo do PS. Em Setembro, o PSD subiu ligeiramente, mas caiu em Novembro. Mesmo assim, a enorme quebra do PS compensou esta descida e deixou os partidos muito próximos.

Na sondagem da Intercampus de Julho, a lacuna entre os dois partidos era de 15 pontos, mas no final de Novembro, a distância já era de apenas dois pontos.

Adriana Peixoto, ZAP //

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3 Comments

  1. Quem se fia nas sondagens é porque não aprendeu nada do que se tem passado em eleições passadas, lembram-se do empate técnico entre o PS e o PSD nas últimas eleições legislativas? Pois é, estes 2 pontos de diferença que supostamente separam os 2 partidos representam o mesmo que o dito empate técnico, lembram-se dos resultados das últimas legislativas? Pois é, o PS teve maioria absoluta e o PSD ficou-se pelo empate técnico, será que nunca aprendem? Parece que não.

  2. Era de esperar, não é preciso ser bruxo, esperto, ou perceber de política, que o Montenegro integrado e comprometido como está, com a Austeridade do Passos Coelho, que não era o homem indicado para substituir o Rui Rio, mas os gamelas que tomaram o poder dentro do PSD, aflitos por assento, insistiram e ganharam com a eleição do Montenegro, homem em quem confiam para lhes dar Tacho, e se demorar a resolver a substituição do líder, não será de estranhar acontecimentos do género que aconteceu ao CDS Bloco de Esquerda, PCP, mas não foi por falta de avisos.

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