O futuro da tecnologia pode estar na padaria

David Bujdos et al.

Elétrodo de pão integral

Um novo estudo revelou que o pão integral pode ser moldado em elétrodos de carbono, capazes de substituir os condutores metálicos tradicionais nos mais variados dispositivos elétricos.

Pão pão pão pão pão pão, com manteiga é tão bom, dizia Tino de Rans, há mais de 20 anos.

Pão pão pão pão pão pão, condutor metálico ainda melhor, diz um estudo publicado agora na Royal Society Open Science.

É mesmo verdade. Os padeiros da nossa rua podem ter o futuro da tecnologia nas mãos (literalmente). Basta que comecem a aproveitar os pedaços de pão velhos e a transformá-los em elétrodos utilizando apenas água e calor.

“Basta aquecê-los a temperaturas muito elevadas [800°C] sem oxigénio para obter a espinha dorsal de carbono“, explicou o líder do estudo, David Bujdos.

Este material de carbono que sobra é um bom condutor elétrico.

Isto porque “o pão contém todo o tipo de coisas, como amido, proteínas e água”, acrescentou o investigador da Universidade da Pensilvânia à New Scientist.

A equipa testou diferentes processos de carbonização do pão, mantendo intacta a forma do elétrodo aquecido.

Num dos ensaios, utilizou um molde impresso em 3D para estampar manualmente pedaços de pão integral em forma de ziguezague antes do aquecimento.

Noutro, misturou pedaços de pão em pequenas partículas e com água antes de aquecerem este material pastoso no molde impresso em 3D.

Os investigadores descobriram que os elétrodos de pão mantiveram a forma de ziguezague utilizando ambos os métodos, mas a abordagem de mistura produziu uma forma mais densa e resistente.

Como esclareceram os investigadores, o padrão em ziguezague testado não tem uma função específica, tendo sido apenas selecionado para demonstrar a capacidade de controlar a forma do elétrodo.

Os componentes à base de pão poderiam substituir os elétrodos metálicos em dispositivos, reduzindo simultaneamente as centenas de toneladas de pão desperdiçadas diariamente.

David Bujdos afirma que este progresso pode ser útil a várias aplicações, desde a produção de combustível de hidrogénio até à substituição de fios de cobre por fios à base de pão.

Miguel Esteves, ZAP //

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