E-mails revelam que FBI procurou ouro da Guerra Civil (mas enganou quem o encontrou primeiro)

Os caçadores de tesouros Dennis e Kem Parada alertaram o FBI sobre o que acreditavam ser uma horda de ouro roubado de 1863. Depois, alegaram, o FBI expulsou-os da busca.

E-mails recém-descobertos revelaram que o FBI está envolvido numa misteriosa escavação de anos em busca de ouro da época da Guerra Civil na Pensilvânia. Além disso, segundo a Associated Press, a agência pode ter enganado as pessoas que o encontraram primeiro.

Reza a lenda que ouro foi supostamente escondido em Dent’s Run, que era uma comunidade não incorporada a 217 quilómetros a nordeste de Pittsburgh. Segundo a história, em 1863, um carregamento de ouro foi roubado e enterrado ali enquanto era transportado para a Casa da Moeda dos Estados Unidos, em Filadélfia.

Como coproprietários do equipamento local de caça ao tesouro Finders Keepers, Dennis e Kem Parada passaram anos à procura desse tesouro, que hoje vale centenas de milhões de dólares. Em janeiro de 2018, pensaram ter encontrado ouro quando o seu detetor de metais disparou em Dent’s Run. Imediatamente, levaram as suas evidências ao FBI.

O que se seguiu foi, segundo o All That’s Interesting, uma montanha-russa de supostas fraudes, meias-verdades e escavações sombrias na calada da noite. De acordo com a Time, ambos acreditam que há uma conspiração do Governo para ficar com o ouro.

Dennis e Kem afirmam que, primeiro, conduziram o FBI ao local em Dent’s Run onde acreditavam ter encontrado ouro em 13 de março de 2018. Depois, a agência contratou uma empresa de consultoria geofísica, a Enviroscan, para analisar o topo de uma colina em particular com um gravímetro.

Esse dispositivo não só indicava que havia, de facto, uma grande massa de metal enterrada, mas também que esse pedaço metálico tinha exatamente a mesma densidade do ouro.

Warren Getler, um autor cujo trabalho trata especificamente da lenda do ouro enterrado da era da Guerra Civil, trabalhou ao lado dos caçadores de tesouro e do FBI para confirmar a descoberta. Quanto questionou um agente sobre o tamanho da massa, este respondeu simplesmente: “sete a nove toneladas” – o que poderia equivaler a centenas de milhões de dólares

Segundo Dennis e Kem, foi a partir daí que uma série de incidentes se começou a desenrolar. Os caçadores alegaram que fizeram um acordo com o FBI e Getler para supervisionar a escavação, mas que a agência rapidamente os confinou no seu carro enquanto a maior parte do projeto era concluída.

O FBI permitiu que vissem o local ao final do último dia de escavação, mas tudo o que viram foi um buraco no chão. O FBI alegou que não encontraram nada, mas Dennis e Kem pensam de forma diferente. Os caçadores de tesouros ficaram desconfiados depois de souberam que os locais ouviram uma retroescavadora em Dent’s Run na calada da noite após o término da escavação de 2018.

Outros relataram ter visto uma fila intimidante de carros do FBI e vários camiões blindados na área. No entanto, quando os residentes pressionaram aagência por informações sobre as suas atividades, não obtiveram respostas.

Durante três anos, o FBI afirmou publicamente que estava simplesmente envolvido numa escavação autorizada pelo tribunal de “um local de património cultural. Porém, agora, e-mails sugerem que podem estar a esconder informações.

O que dizem os e-mails?

No ano passado, Dennis e Kem processaram o FBI para obter acesso aos seus e-mails sobre a escavação. Num deles, marcado como “Confidencial”, um advogado assistente  escreveu: “Acreditamos que (…) tem cerca de três por cinco por oito [pés] a cinco por cinco por oito [pés].”

Como a escavação foi realizada em terras do estado, o FBI foi legalmente obrigado a obter uma ordem do tribunal federal para escavar o local. Esse processo burocrático resultou numa série de e-mails entre o advogado assistente e o advogado-chefe do Departamento de Conservação e Recursos Naturais da Pensilvânia.

Num e-mail de 13 de março, o dia em que os agentes do FBI seguiram os caçadores de tesouros até ao local, o advogado-chefe perguntou: “Pode fornecer a base sobre a qual o Gabinete do Procurador dos Estados Unidos afirma que o ouro, se encontrado, pertence ao governo federal?”. A procuradora-geral assistente respondeu que preferia “discutir isso com você ao telefone”.

Em 16 de março, o advogado assistente sugeriu que algo foi, de facto, recuperado.

“Estamos todos desapontados e a coçar a cabeça com os vários resultados de testes científicos”, escreveu. Não é claro o que quis dizer, mas o Gabinete do Procurador dos Estados Unidos na Filadélfia disse que considera o assunto encerrado.

“Apenas para o seu conhecimento… não temos nenhuma outra evidência científica, além daquilo em que a escavação foi baseada, de que algum ouro está escondido naquela área”, escreveu a assistente.

“Suponho que não possa vir e afirmar que não há ouro para ser encontrado em Dent’s Run?”, respondeu o advogado-chefe. “Infelizmente, não podemos”, rematou.

Quando os caçadores pressionaram o Tribunal da Commonwealth para obter mais informações, o juiz Kevin Brobson negou o pedido, afirmando que o caso estava encerrado. No entanto, na sua resposta, revelou o nome suspeito dos arquivos ultrassecretos: “Em matéria de: apreensão de uma ou mais toneladas de ouro dos Estados Unidos.”

Dennis, Kem e Getler acreditam que as quase 2.400 páginas e vídeos mantidos pelo FBI contêm evidências contundentes de um encobrimento. “Tenho de descobrir o que aconteceu com todo aquele ouro”, concluiu Dennis Parada.

Maria Campos, ZAP //

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