“Dragões bebés” que vivem em cavernas subaquáticas encontrados misteriosamente na superfície

Matteo Riccardo Di Nicola

Ao contrário do que se pensava, os olmos não vivem apenas nas cavernas e passam mais tempo à superfície do que o esperado.

Numa revelação surpreendente, um novo estudo publicado na Ecology descobriu que as salamandras subterrâneas, que até agora se pensava que habitavam exclusivamente em cavernas subaquáticas, passam um tempo considerável acima do solo.

Estas criaturas cegas, conhecidas como olmos, foram observadas a sair das suas grutas subterrâneas no norte de Itália, explorando o ambiente superficial.

O olmo (Proteus anguinus), uma criatura peculiar outrora julgada como dragão em miniatura, evoluiu durante milhões de anos na escuridão, tornando-se efetivamente cego, com uma tez pálida espectral, um aguçado sentido de olfato e audição, e a capacidade de navegar utilizando campos elétricos.

Contudo, apesar destas especializações para a vida subterrânea, conhecidas como troglomorfismos, parece que os olmos não estão estritamente confinados à vida subterrânea.

“Até à data, as observações de olmos fora das cavernas são muito limitadas,” escrevem os investigadores no seu artigo. E aqueles que foram avistados noutros lugares eram considerados acontecimentos fortuitos.

No entanto, em 2020, a equipa encontrou um a nadar numa nascente à superfície, para sua surpresa. Investigando mais a fundo, perceberam que este não era um acontecimento tão raro quanto inicialmente suspeitado, aponta o IFLScience.

“De forma inesperada, os olmos foram detetados repetidamente mesmo durante o dia, quando as condições dos habitats superficiais (luz, presença de predadores visuais) são assumidas como particularmente inadequadas para especialistas de cavernas,” escrevem.

Os olmos foram observados em 15 nascentes no nordeste de Itália, e numa instância, uma larva foi encontrada – um “achado excepcional”, diz a equipa. “Pelo nosso conhecimento, representa o menor indivíduo alguma vez encontrado no campo e a única larva encontrada fora das cavernas.”

Como foi descoberta num período sem inundações que pudessem explicar a sua presença ali, isso pode sugerir que os olmos podem reproduzir-se em nascentes superficiais, embora isso deva ser uma raridade (se for o caso).

Mesmo que não se reproduzam na superfície, os investigadores suspeitam que a espécie possa alimentar-se ali. Os cientistas manusearam 12 olmos, cinco dos quais regurgitaram minhocas recentemente ingeridas.

Nenhuma das minhocas pertencia a espécies que vivem em ambientes subterrâneos, como cavernas, logo, os olmos devem ter-se alimentado de minhocas encontradas durante uma excursão à superfície.

ZAP //

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