Os EUA desclassificaram quase 1500 documentos relacionados com a morte do ex-Presidente John F. Kennedy. Os arquivos têm revelações que incluem dados sobre a Máfia e um plano para matar Fidel Castro, mas também sobre um encontro entre Lee Harvey Oswald e um agente do KGB antes do assassinato.
O Governo norte-americano desclassificou 1491 documentos, até agora secretos, relacionados com a morte do ex-Presidente John F. Kennedy (JFK) em Dallas, no Estado do Texas, em Novembro de 1963.
Os arquivos em formato de telegramas, relatórios e comunicados intergovernamentais podem a partir de agora ser acedidos publicamente através do site dos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos.
O ex-Marine norte-americano Lee Harvey Oswald, de 24 anos, foi detido no mesmo dia da morte de JFK como o autor do assassinato. Mas nunca chegou a ser julgado porque foi assassinado pelo dono de um clube nocturno quando estava a ser transferido de prisão, dois dias depois da morte de Kenndey.
Oswald seria um simpatizante das causas soviética e cubana.
Uma Comissão constituída em 1964, para averiguar as circunstâncias do assassinato, concluiu que Oswald agiu sozinho e por iniciativa própria. Mas essa decisão foi controversa e logo surgiram suspeitas de que estariam a ser omitidos dados.
Essa ideia confirma-se, agora, com os novos documentos a revelarem que Oswald se encontrou com um agente do KGB na Embaixada Soviética, na Cidade do México, dois meses antes do assassinato de JFK.
Agente dos “Assassinatos do KGB” esteve com Oswald
Este dado surge num documento da CIA com notas sobre uma chamada telefónica de Oswald para a Embaixada Soviética a 1 de Outubro de 1963. Foi através dessa conversa interceptada que a CIA ficou a saber da deslocação de Oswald ao México que terá acontecido a 26 de Setembro desse mesmo ano.
Oswald ter-se-á encontrado com o Cônsul soviético Valery Vladimirovich Kostikov que é identificado pela CIA como um “membro do Departamento de Assassinatos do KGB”, segundo o documento agora divulgado.
O relatório também evidencia que o FBI suspeitava que Oswald queria ajuda soviética para obter um passaporte ou um visto, eventualmente a planear a sua fuga para depois de assassinar Kennedy.
Também fica claro que a CIA não acreditava que Oswald trabalhasse para o KGB, pois, caso contrário, não faria tal “contacto aberto com uma Embaixada Soviética”, destaca ainda o documento.
“No entanto, temos documentos ultra-secretos da inteligência soviética, descrevendo a doutrina de Inteligência Militar, que mostram que agentes muito importantes podem ser encontrados em instalações oficiais usando uma cobertura para a sua presença”, aponta o relatório.
Mas isto não confirma que as autoridades americanas acreditassem no envolvimento soviético na morte de JFK.
Na realidade, um documento secreto já divulgado durante a presidência de Donald Trump, assinado pelo ex-director do FBI, J. Edgar Hoover, e datado de 1966, nota que responsáveis do Partido Comunista soviético “acreditavam que havia uma conspiração bem organizada por parte de ultra-direitistas, nos Estados Unidos, para organizar um ‘golpe'”
Hoover ainda notava que os soviéticos temiam que a morte de JFK pudesse reforçar os “sentimentos anti-comunistas” entre os americanos e que isso pudesse levar a uma guerra.
Plano com a Máfia para matar Fidel Castro
Os documentos agora divulgados também contêm revelações sobre a própria investigação levada a cabo pela CIA e pelo FBI em torno de eventuais suspeitos.
Assim, incluem dados sobre pessoas e questões relacionadas, de alguma forma, com Cuba e com a então União Soviética que surgiram, desde o primeiro momento, como potenciais envolvidas no assassinato.
A CNN nota que um desses documentos revela que os EUA terão contactado elementos da Máfia para engendrar um plano para matar o líder cubano Fidel Castro.
A Máfia tinha um Casino em Havana que poderia ajudar a cumprir essa missão e o plano passaria por enviar comprimidos letais para Cuba, de acordo com a análise da estação norte-americana aos documentos.
Ainda há centenas de documentos por revelar
A divulgação destes ficheiros sobre a morte de Kennedy resulta de uma directiva da Casa Branca assinada pelo presidente Joe Biden em Outubro passado, notando que “a necessidade de proteger os registos relativos ao assassinato foi ficando mais fraca com o passar do tempo”.
“Por isso, é crítico assegurar que o Governo dos Estados Unidos maximize a transparência, revelando toda a informação” sobre o assunto, “excepto quando as razões mais fortes possíveis aconselham o contrário”, destaca Biden no seu memorando.
Centenas de documentos, que se presumem ter as informações mais sensíveis sobre o caso, continuam secretos, de acordo com vários órgãos de comunicação social norte-americanos. Esses documentos estarão ainda a ser analisados pelas agências de segurança dos EUA.
Segundo a legislação de 1992, as informações sobre o assassinato de JKF deviam ter sido tornadas públicas 25 anos depois da sua morte, ou seja, em 1988, mas a lei prevê um possível adiamento caso existam preocupações com a segurança nacional.
Em Outubro de 2017, Donald Trump ordenou a divulgação de 2800 documentos inéditos, mas decidiu manter centenas de outros em segredo invocando aquela excepção.
Com os documentos agora revelados, o Arquivo Nacional dos EUA já divulgou mais de 90% dos documentos do Governo sobre o assassinato de JFK.
ZAP // Lusa
Ou eu não percebi o sentido da frase “…as informações sobre o assassinato de JKF deviam ter sido tornadas públicas 25 anos depois da sua morte, ou seja, em 2017…”, ou então estas contas não estão certas. Se o assassinato de JFK foi em 1963, como é que 25 anos depois a contar dessa data é em 2017?
Não seria em 1988? Em 2017 terão passado 54 anos.
Cara leitora,
Obrigado pelo reparo, está corrigido.