Direita radical “continua forte”. Mas Lula, que precisa de Tebet e de Ciro, “ainda tem boas hipóteses de vencer”

Antonio Lacerda / EPA

O ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva

O candidato Lula da Silva disse na segunda-feira estar convencido de que vai conseguir aumentar a vantagem em alguns estados brasileiros, durante a reunião de coordenação de campanha do Partido Trabalhista (PT) para delinear as estratégias para o próximo mês.

“Somos especialistas em ganhar eleições no segundo turno. Foi assim em 2002, foi assim em 2006, foi assim em 2010, foi assim em 2014. Quase foi assim em 2018. E vai ser assim agora”, declarou, citado pelo Observador.

Quanto à polarização no Brasil, afirmou que esta “não mudou. Ninguém conseguiu evitar, por mais que se falasse em terceira via, por mais que se tentasse arranjar candidatos. Não se conseguiu acabar com a polarização, porque ela é real”.

E continuou: “em um lado que defende a democracia, defende o bem-estar social e tem outra que foi genocida, que carrega nas costas a responsabilidade de pelo menos metade das pessoas que morreram”.

Lula admitiu, como já havido sido avançado pelo ZAP, que vai precisar de apoios, lançando assim o pedido aos partidos que estão ao lado de Simone Tebet (MDB) e de Ciro Gomes (PDT).

“Agora, a escolha não é ideológica, agora nós vamos conversar com todas as forças políticas que têm voto, que têm representatividade, para que a gente consiga formar um bloco de democratas contra aqueles que não são democratas”, completou.

Tebet, a terceira mais votada (4,2%), garantiu que “tem lado” na segunda volta. “Não esperem de mim omissão, eu não vou acobardar-me”, afirmou, citada pelo Diário de Notícias. Esta deu 48 horas aos partidos que a apoiam, entre os quais o PSDB, para tomarem posição. Ao que tudo indica, indicará voto em Lula.

Ciro, quarto classificado (3%), disse que precisava de tempo para pensar antes de tomar uma decisão. O seu partido é um tradicional aliado do PT mas, em 2018, Ciro recusou apoiar declaradamente Fernando Haddad contra Jair Bolsonaro na segunda volta das eleições, que este último acabou por ganhar.

No Folha de S. Paulo, o sociólogo Celso Rocha de Barros escreveu que “o resultado da primeira volta mostrou que, embora Bolsonaro tenha um alto nível de rejeição, não houve um grande deslocamento ideológico desde a última eleição presidencial: a direita, e mesmo a direita radical, continuam muito fortes”.

“Não vai ser um mês tranquilo. O Brasil tem grandes possibilidades de ser pior nos próximos quatro anos por causa desta segunda volta agora: governadores eleitos pelo Brasil afora leiloarão o seu apoio ao candidato que prometer gastar mais dinheiro com eles”, referiu.

E continuou: “Lula ainda tem boas hipóteses de vencer, mas terá que se deslocar ainda mais para o centro enquanto preserva os seus eleitores pobres, agora a eleição vai decidir-se por pequenas transferências de votos e a importância das alianças casadas nos pleitos estaduais e na eleição para presidente será grande”.

Na Câmara, o partido de Bolsonaro (PL) elegeu 99 deputados, mais 23 do que em 2018. Agora, dos 513 parlamentares, 273 são de direita. O PT elegeu 79 deputados, mais três do que em 2018. No total, a esquerda ocupa 138 cadeiras.

No Senado, foram eleitos 14 aliados de Bolsonaro, entre eles o seu ex-vice Hamilton Mourão e os ex-ministros Damares Alves e Marcos Pontes, o cantor gospel Magno Malta e o ex-jogador Romário. Do lado de Lula foram eleitos oito, como Omar Aziz, presidente da CPI da pandemia, e Flávio Dino, ex-governador do Maranhão.

Nos governos estaduais, 15 estados elegeram os seus governadores no domingo e 12 decidiram levar a disputa para dia 30.

ZAP //

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