Mais de 60 anos depois do chamado “Grande Smog de Londres” ter matado 12 mil pessoas, foi finalmente desvendado o mistério em torno das causas deste “nevoeiro assassino”. Uma equipa de químicos descobriu que o processo pode ocorrer em qualquer lugar do mundo.
O “Grande Smog de Londres” abateu-se sobre a cidade inglesa a 5 de Dezembro de 1952, dando início a um episódio mortífero que levou à hospitalização de 150 mil pessoas, com infecções respiratórias, causando milhares de mortes. Os números oficiais das vítimas mortais não são consensuais, mas fala-se em mais de 12 mil mortes.
Na altura, culpou-se o carvão, das chaminés das fábricas e das casas, pela tragédia que deixou os céus com um tom esverdeado e o ar com um cheiro a ovos podres, tornando-se irrespirável.
Durante décadas, a ciência não soube explicar o que verdadeiramente aconteceu, até agora. Uma equipa de químicos descobriu como se originou o “Grande Smog“, através de experiências em laboratório e de medições atmosféricas nas cidades chinesas de Xi’an e Pequim, conhecidas pelos elevados níveis de poluição.
Numa pesquisa publicada no jornal científico Proceedings of the National Academies of Sciences, os investigadores confirmam que o sulfato, uma das marcas do “Grande Smog“, teve um papel principal no seu efeito letal.
“Sob condições de nevoeiro natural, o sulfato acumula-se dentro de gotas de água devido a interacções químicas entre o dióxido sulfúrico e o dióxido de nitrogénio“, aponta-se na investigação divulgada pelo site Gizmodo.
Estes dois tipos de dióxido podem ser oriundos do carvão que sai das chaminés ou, embora em frequências menores, dos canos de escape dos automóveis.
“As pessoas já sabiam que o sulfato foi um grande contribuidor para o nevoeiro e que partículas de ácido sulfúrico se formaram a partir do dióxido sulfúrico libertado pela queima de carvão. Os nossos resultados mostram que este processo foi facilitado pelo dióxido de nitrogénio, outro co-produto da queima de carvão, e que ocorreu inicialmente em nevoeiro natural”, explica Renyi Zhang.
O site refere que a pesquisa constatou que, “à medida que a água no nevoeiro seca, o ácido torna-se concentrado, deixando partículas de neblina corrosivas que cobrem todas as superfícies com que entram em contacto, desde os passeios aos pulmões humanos”.
Os investigadores também atestam que o processo químico ocorrido há mais de 60 anos é semelhante ao que forma o nevoeiro de poluição que, actualmente, se abate sobre cidades como Pequim e X’ian.
Assim, alertam que, um fenómeno como o “Grande Smog” pode ocorrer em qualquer local do mundo, desde que se verifique a combinação fatal de condições químicas e ambientais.
ZAP