Uma montanha-russa subaquática. Derretimento do pergelissolo cria crateras e colinas no fundo do Oceano Ártico

Os cientistas alertam para o efeito das atividades humanas na aceleração deste processo natural, que começou há 55 milhões de anos.

Investigações com submarinos ao fundo do Oceano Ártico revelaram que há crateras profundas perto da costa canadiana, com os cientistas a acreditarem que estas foram causadas pela libertação de gases à medida que o pergelissolo derrete. Até agora, as causas não estão relacionadas com a actividade humana, mas isso pode mudar.

O pergelissolo refere-se à parte do superfície que está sempre congelada e esta camada acumula milhares de milhões de toneladas de metano e dióxido de carbono.

O derretimento súbito em várias áreas há cerca de 55 milhões de anos terá começado o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno, quando as temperaturas subiram muito em apenas alguns milhares de anos, escreve o IFLScience.

Um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences revela o que se está a passar no fundo do mar do Oceano Ártico com o novo derretimento do pergelissolo.

Entre 2019 e 2019, os autores fizeram quatro pesquisas usando veículos autónomos debaixo de água, entre 120 e 150 metros de profundidade, visto que neste nível capturam a margem externa do pergelissolo na maioria dos casos.

O estudo dá conta de várias depressões profundas com até 28 metros, assim como colina de gelo com até 100 metros conhecidas como pingos. Algumas destas depressões, incluindo uma com 225 metros de profundidade apareceram em pesquisas sucessivas e outras expandiram-se ao longo do período de observação.

As depressões resultam da da ascensão dos lençóis freáticos até ao declive continental. Por vezes, os lençóis congelam devido ao contacto com o material mais frio, o que leva ao surgimento dos pingos.

A investigação foi possível porque é Mar de Beaufort, que anteriormente tinha demasiado gelo para se poder estudar, está a derreter rápido, algo que os autores apontam como uma consequência das maiores emissões de gases com efeitos de estufa que resultam da atividade humana.

No entanto, o calor causado pela libertação dos gases resultantes do derretimento do pergelissolo ainda não chegou às profundidades abrangidas no estudo. No ritmo atual da tendência de aquecimento, devem faltar mais de mil anos para que se produza a topografia que a equipa observou.

O degelo natural que resultou no fim da Idade do Gelo teve um efeito lento o suficiente para não causar problemas aos humanos ou a outras espécies — mas o degelo causado pela atividade humana pode acelerar este processo dramaticamente, alertam os autores.

Adriana Peixoto, ZAP //

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