Crise no vinho: uvas em risco de destruição

Bebe-se menos vinho e o stock não escoa. Produtores culpam as grandes empresas, que por sua vez atiram a culpa à produção excessiva a nível global e a mudanças nos hábitos de consumo.

Portugal está a beber menos vinho e por essa e outras razões a indústria vinícola da Região Demarcada do Douro enfrenta uma grave crise, que resultou em elevados stocks e reduziu a capacidade das adegas para adquirir novas uvas.

Há mesmo um risco de colapso na produção da uva. Os viticultores, que enfrentam a possibilidade de não conseguirem escoar a sua produção, veem a sua colheita deste ano ameaçada. A perspetiva de rendimento é desastrosa.

O problema é, para António Filipe, presidente da Associação de Empresas de Vinho do Porto (AEVP), a produção excessiva de vinho a nível global e uma mudança nos hábitos de consumo. As preocupações com a saúde e o consumo de álcool, juntamente com uma maior fiscalidade sobre produtos alcoólicos, têm contribuído para a diminuição do consumo.

Há “um receio generalizado de que seja uma vindima muito complicada”, confessa Rui Soares, presidente da Associação dos Viticultores Profissionais do Douro (Prodouro), ao Jornal de Notícias.

Para José Manuel Santos, presidente da Adega Cooperativa de Lamego, a situação “é um drama” — e 2024 pode ser ainda pior do que 2023.

Tem de se “andar sempre a lutar para conseguir suportar as despesas” e “as empresas têm a vantagem de ter sempre matéria-prima a um preço constante, que não existe em nenhuma parte, o que possibilita uma margem de lucro muito maior”, permitindo-lhes uma estabilidade financeira à custa do viticultor”, que tem de “suportar custos muito grandes”, confessa ao JN Teresa Barbosa, da Quinta de Alfarella, em Celeirós do Douro (Sabrosa),  que lamenta que os preços praticados sejam os mesmos de há 24 anos, enquanto os custos de produção triplicaram.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, anunciou que em julho serão divulgadas medidas de apoio de curtíssimo prazo para os viticultores, desenvolvidas em colaboração com a Comissão Europeia.

Estas incluem a intensificação da fiscalização para prevenir a entrada ilegal de vinho e a deturpação das denominações de origem protegida. Também serão introduzidas medidas no âmbito da reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum para promover a exportação e remover barreiras alfandegárias.

ZAP //

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