Cientistas analisaram os restos mortais de um guerreiro bizantino, decapitado pelos otomanos depois da captura do seu forte no século XIV, que teve um dos seus maxilares reconstruido graças a uma cirurgia complexa.
De acordo com o site Live Science, uma análise do maxilar inferior deste guerreiro revelou que havia sido gravemente fraturado num incidente anterior, mas que um médico talentoso usou um fio para o prender até que estivesse curado.
“O maxilar estava partido em dois pedaços”, disse Anagnostis Agelarakis, professor de Antropologia da Universidade Adelphi, nos Estados Unidos, e autor do estudo publicado na edição de setembro da revista científica Mediterranean Archaeology and Archaeometry.
Na visão da equipa, a descoberta deste maxilar, com quase 650 anos, é um achado surpreendente porque mostra a precisão que o médico teve para ter sido “capaz de juntar os dois principais fragmentos da mandíbula”.
Além disso, o profissional em questão parece ter seguido os conselhos do médico grego Hipócrates, que escreveu um tratado que abordava lesões nos maxilares cerca de 1800 anos antes de o guerreiro ter sofrido esta lesão.
A causa da fratura não é clara, mas as possibilidades incluem uma queda durante um passeio a cavalo; uma lesão provocada em batalha por uma ponta de lança ou outra arma afiada; ou um projétil balístico. Certo é que o guerreiro morreu quando tinha entre 35 e 40 anos de idade e, cerca de uma década antes, provavelmente em 1373, sofreu esta fratura.
O fio usado pelo médico já não existe há muito tempo, mas Agelarakis suspeita que fosse de ouro. Não havia vestígios de uma liga de prata, o que teria deixado uma descoloração acinzentada, nem manchas esverdeadas que teriam sido deixadas por fios de cobre ou de bronze.
“Deve ter sido algum tipo de fio de ouro ou algo parecido, tal como é recomendado no Corpus Hippocraticum que foi compilado no século V A.C.”, disse Agelarakis, explicando que este material é macio e flexível, mas forte e não tóxico, o que o torna uma boa escolha para este tipo de tratamento médico.
Os investigadores descobriram o crânio deste guerreiro, em 1991, no forte Polystylon, um local arqueológico na Trácia Ocidental, na Grécia. Se recuarmos ao século XIV, quando o guerreiro ainda estava vivo, o Império Bizantino enfrentava ataques dos Otomanos.
Dado que foi decapitado, é provável que tenha lutado até os Otomanos conquistarem o forte. Tal como escreve Agelarakis no estudo, parece que “o forte não se rendeu, mas deverá ter sido tomado à força”.