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O coração de Plutão controla os seus ventos gelados

Um novo estudo sugere que Sputnik Planitia, a famosa região em forma de coração de Plutão, tem um importante papel na regulação da circulação atmosférica do planeta anão.

A superfície da vasta planície é coberta de nitrogénio congelado. Durante o dia, uma camada fina transforma-se em vapor e volta a congelar à noite. O ciclo é o que produz os ventos de Plutão – e novas investigações revelaram que seguem uma direção surpreendente.

De acordo com o estudo publicado este mês na revista científica Journal of Geophysical Research: Planets, as observações e os modelos usados pela equipa sugerem que a atmosfera de Plutão, 100 mil vezes mais fina do que a da Terra, move-se na direção oposta à rotação do planeta anão. Esse vento cria as faixas escuras nas regiões noroeste do planeta anão.

“Isto destaca o facto de que a atmosfera e os ventos de Plutão – mesmo que a densidade da atmosfera seja muito baixa – podem impactar a superfície”, disse Tanguy Bertrand, astrofísico e cientista planetário do Ames Research Center da NASA, na Califórnia e  principal autor, em comunicado.

O Sputnik Planitia é o lobo esquerdo do Tombaugh Regio, onde está localizada a maior parte do gelo nitrogenado de Plutão. A camada de gelo estende-se por cerca de mil quilómetros, cercada por estruturas de alta elevação. Modelos mostraram que o gelo de nitrogénio transforma-se em vapor no norte e congela no sul, criando a corrente atmosférica de ventos acima de quatro quilómetros de altitude, soprando para oeste.

As faixas escuras podem ser criadas pelo vento do oeste que transporta calor da atmosfera para o gelo, fazendo com que se sublime mais rapidamente e se torne menos reflexivo. Por outro lado, o próprio vento pode estar a transportar materiais escuros que são depositados no gelo.

“O Sputnik Planitia pode ser tão importante para o clima de Plutão como o oceano para o clima da Terra”, disse Bertrand. “Se removermos o Sputnik Planitia – se removermos o coração de Plutão – não terá a mesma circulação”, explicou.

ZAP //

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