Mais de 20 pessoas ficaram feridas, seis com gravidade, e 37 foram detidas depois dos confrontos de domingo entre manifestantes e a polícia de Hong Kong.
Os confrontos ocorreram ao final do dia de domingo, quando a polícia começou a dispersar os manifestantes depois de um protesto pacífico que reuniu milhares de pessoas em Sha Tin, no norte de Hong Kong, contra a controversa proposta de lei que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China.
De acordo com o jornal South China Morning Post, que cita fontes hospitalares, pelo menos 22 pessoas foram hospitalizadas – entre ativistas e polícias – na sequência dos confrontos. Duas encontram-se em estado crítico e quatro em estado grave.
Em declarações à imprensa esta manhã, o comissário da polícia Stephen Lo condenou de forma veemente as ações dos manifestantes, que classificou de “bandidos” e considerou serem responsáveis pelas “cenas caóticas” de domingo em Sha Tin. “A multidão perdeu o controlo e o seu comportamento foi horrível”, disse.
Por seu lado, alguns deputados acusaram a polícia de recorrer a “táticas violentas” no centro comercial New Town Plaza – principal palco dos confrontos – tendo bloqueado manifestantes que apenas queriam deixar o local.
Ainda de acordo com o diário de Hong Kong, pelo menos 37 pessoas foram detidas na sequência dos confrontos que tiveram lugar após o protesto pacífico registado durante todo o dia.
Há mais de um mês que Hong Kong é palco de protestos maciços. O mais concorrido, segundo a organização, aconteceu a 16 de junho, quando cerca de dois milhões de pessoas (mais de um terço da população) saíram à rua para protestar contra a lei.
Dois dos protestos – 12 de junho e 1 de julho – foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que chegou a usar balsas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. Neste último, os manifestantes invadiram o Parlamento de Hong Kong.
Carrie Lam, chefe do Governo da antiga colónia britânica, agora território administrado pela China, depois de pedir desculpa em duas ocasiões distintas, em junho, chegou mesmo a afirmar já este mês que a lei estava “morta”.
No entanto, uma nova grande manifestação contra esta lei e a violência policial está agendada para 21 de julho, disse à Lusa na sexta-feira a porta-voz do movimento que tem liderado os maciços protestos no território, Bonnie Leung.
“Como as nossas cinco reivindicações não foram ainda atendidas, acreditamos que é muito importante que continuemos os protestos (…) e temos uma obrigação de juntar as pessoas outra vez”, sublinhou a vice-coordenadora da Frente Civil de Direitos Humanos.
Os líderes dos protestos exigem que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 1 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo.
Bonnie Leung sublinhou ainda, em entrevista à Lusa, que os atuais protestos são contra a lei da extradição, mas também pela democracia que garanta o sufrágio universal.
// Lusa