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Quer comprar casa em Lisboa? Tem que pagar metade de entrada

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Para comprar casa em Lisboa os interessados têm que ter a metade do valor para dar de entrada. Devido à subida das taxas de juro e às medidas do Banco de Portugal, a banca só financia até 50%.

Segundo dados do Confidencial Imobiliário, citado esta quinta-feira pelo ECO, em 2022 uma casa com 90 metros quadrados em Lisboa custava, em média, 375.480 euros (cerca de 4.172 euros por metro quadrado).

Há um ano uma família que ganhasse 2.514 euros líquidos por mês podia financiar até 80% do valor do imóvel, ficando com uma prestação de 730 euros – considerando um empréstimo a 40 anos indexado à Euribor a 12 meses com um spread de 1,14%.

Ou seja, para comprar a mesma casa em Lisboa, hoje teria que dar um sinal de 186 mil euros, cerca de 2,5 vezes mais que os 75 mil euros exigidos em fevereiro de 2022. E só conseguiria o empréstimo se não tivesse mais nenhum crédito e o banco o concedesse com uma taxa de esforço de 42%.

Para obter o crédito, o rácio entre o montante das prestações mensais de todos os empréstimos e o seu rendimento líquido (DSTI) não deve ultrapasse os 50%. Além disso, para efeitos do cálculo DSTI é considerado um agravamento de três pontos percentuais ao indexante de referência dos empréstimos a mais de dez anos.

“Como a DSTI tem como base o stress da taxa em três pontos percentuais, neste momento é mais difícil aceder a crédito, pois estamos a stressar a mais de 6%”, refere Hugo Pinheiro, CEO da Credível, uma empresa de intermediação de crédito que trabalha com uma dúzia de bancos.

Os dados do Banco de Portugal revelam que o crédito à habitação abrandou no segundo semestre de 2022, mas registou um crescimento de 3,6% face a 2021.

“Não é a oferta dos bancos que está mais restritiva do que no passado”, referiu Dina Raimundo, diretora-geral da empresa de intermediação de crédito Twinkloo.

“O que assistimos é a uma redução do lado da procura porque, para além da inflação, as famílias têm hoje uma capacidade de endividamento mais baixa do que acontecia há um ano”, explicou.

“Os critérios têm de ser cumpridos e a avaliação da taxa de esforço é determinante, até para que possamos evitar problemas futuros”, frisou Cláudio Santos, CCO da empresa de intermediação de crédito Doutor Finanças.

Atualmente, um crédito à habitação de 300 mil euros para a aquisição de uma habitação média em Lisboa traduz-se numa prestação de 1.367 euros. Considerando os rendimentos médios de um agregado familiar, a prestação do crédito consumiria de 67% dos rendimentos e um DSTI de 79%.

Queda da oferta acelera subida das rendas

De acordo com o Idealista, a procura de casas para arrendar mais do que duplicou em 2022. A oferta foi de tal forma absorvida que, no final do ano passado, o stock de habitação atingiu o nível mais baixo desde 2019.

Já os preços das casas para arrendar aumentaram ao longo de 2022, tendo terminado o ano a registar o valor médio recorde de quase 13 euros por metro quadrado.

Ao longo de 2019, o ‘stock’ de casas para arrendar esteve estável. Também por essa altura a procura e as rendas das casas estabilizaram, mostram os dados do Relatório Anual do Mercado Residencial de Portugal de 2022, preparado pelo idealista/data. Em 2020, observou-se um aumento da oferta de casas para arrendar.

Este aumento da oferta de casas para arrendar fez baixar as rendas das casas. A queda dos preços foi gradual, tendo chegado a 10,7 euros/m2 no final de 2021, o menor valor registado nos últimos quatro anos e 6% inferior ao observado no último trimestre de 2019.

Ao longo de 2022, a procura de casas para arrendar foi-se intensificando, chegando mesmo a máximos. Este fenómeno deve-se à dificuldade na aquisição de casa, devido à subida dos juros no crédito; à entrada em vigor dos vistos para nómadas digitais e para estudantes; e ao limite de 2% introduzido pelo Governo ao aumento das rendas, que terá levado os senhorios colocar um termo aos contratos em vigor.

O mercado de arrendamento em Portugal também está a ficar cada vez mais inacessível, dado à baixa oferta para a alta procura e ao aumento das rendas.

No distrito de Lisboa, o valor médio das rendas das casas caiu 5% entre o último trimestre de 2019 e o mesmo período de 2020, para 13,2 euros o metro quadrado. Esta tendência foi sentida até ao verão de 2021. Mas em meados de 2021, a procura de casas para arrendar começou a aumentar na capital. Em 2022, o interesse das famílias por arrendar casa em Lisboa deu mesmo o salto.

No Porto, os patamares da oferta de casas para arrendar elevaram-se entre 2020 e 2021. A oferta de casas para arrendar passou mesmo a representar 0,87% do parque habitacional existente na Invicta no final de 2020, mostram os dados. As rendas das casas aproximaram-se sempre dos 10 euros por metro quadrado entre 2020 e 2021.

No início de 2022, o mercado de arrendamento do Porto começou a entrar num novo clico marcado pela subida a pique da procura de casas, pela descida da oferta e o consequente aumento das rendas das habitações.

ZAP //

2 Comments

  1. Existe uma solução muito fácil a este problema, só que ninguém a quer ver… Saiam de Lisboa e do Porto!!!!!!!! ha muita oferta de emprego no interior!!!! aqui uma renda de uma casa V4 com jardim, dentro da cidade custa 300€/mês! abram os olhos e deixem de concorrer todos para a Capital que já baixa o valor das casas, das rendas, …

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