500 milhões num ano. Como o Chelsea finta o fair play financeiro (e ainda pode sair a lucrar)

Chelsea / Twitter

Apresentação de Mykhaylo Mudryk em Stamford Bridge

Com quase 500 milhões de euros gastos neste mercado de transferências, o Chelsea ainda quer contratar Enzo Fernández. Como é que o clube resiste ao fair play financeiro?

Desde que o Chelsea foi comprado por Todd Boehly, o clube ainda não parou para respirar no mercado de transferências. Até ao momento, os blues já gastaram quase 500 milhões de euros em compras. O Chelsea espera ainda garantir a contratação de Enzo Fernández antes fecho do mercado, esta terça-feira.

No verão, o Chelsea contratou Wesley Fofana (€80,4 milhões), Marc Cucurella (€65,3 milhões), Raheem Sterling (€56,2 milhões), Kalidou Koulibaly (€38 milhões), Carney Chukwuemeka (€18 milhões), Pierre-Emerick Aubameyang (€12 milhões) e Gabriel Slonina (€9 milhões).

O clube inglês não se ficou por aqui e voltou à carga nesta janela de inverno, com as contratações de Mykhaylo Mudryk (€70 milhões), Benoît Badiashile (€38 milhões), Noni Madueke (€35 milhões), Malo Gusto (€30 milhões), Andrey Santos (€12,5 milhões) e David Datro Fofana (€12 milhões). Além disso, João Félix chegou por empréstimo, até ao verão, a troco de 11 milhões de euros.

Feitas as contas, o emblema de Stamford Bridge já gastou 490,5 milhões de euros. Sem esquecer que, perante a eventual contratação de Enzo, este montante sobe para os 610 milhões de euros.

Como é que o fair play financeiro permite isto?

O Chelsea tem fintado o fair play financeiro ao não pagar as somas das transferências de uma só vez. Ou seja, por exemplo, no negócio da compra de Mudryk, os ingleses não vão pagar os 70 milhões de euros de uma só vez. O montante é dividido pelos oito anos e meio de contrato do jogador, até 2031.

Recentemente, o jornalista David Ornstein explicou num podcast da BBC como é que o Chelsea até pode lucrar nesta janela de transferências com apenas uma venda.

“Se o Chelsea vender um jogador formado no clube por 45 milhões, por exemplo, é um lucro imediato, já que o Chelsea não pagou uma taxa de transferência por ele”, explicou Ornstein. “Mudryk, por exemplo, é apenas um gasto de 9 milhões nas contas”.

O especialista em finanças do desporto Kieran Maguire também detalhou o esquema na à Sky Sports, explicando o que pode correr mal na estratégia do Chelsea.

“Pode funcionar se os jogadores se desenvolverem bem e forem um grande sucesso. Dá proteção ao Chelsea caso outros clubes fiquem interessados, porque ainda têm muitos anos de contrato. O lado negativo é que se o jogador não tiver sucesso, coloca-se a complicação de ganhar um salário muito elevado e haver um compromisso de o pagar nos próximos seis, sete ou oito anos”, explicou Maguire.

É precisamente aqui que as negociações por Enzo Fernández têm empancado. O presidente do Benfica, Rui Costa, exige que o Chelsea pague os 120 milhões de euros da cláusula de rescisão do argentino a pronto.

Esta é uma exigência que o Chelsea não estará preparado para atender, ficando em risco de violar o fair play financeiro.

Apesar de tudo, Kieran Maguire realça que o método tem limitações. Para manter os contratos inflacionados, o Chelsea precisa de retorno desportivo e financeiro a curto prazo. O clube tem de se qualificar constantemente para a Liga dos Campeões e conquistar títulos, além de manter o cash flow em dia.

Daniel Costa, ZAP //

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