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Enguias elétricas caçam em grupo como matilhas de lobos

(dr) Douglas Bastos

Uma equipa de cientistas observou, nas profundezas da bacia do rio Amazonas, no Brasil, vários espécimes de enguias elétricas, um tipo de peixe considerado solitário, a caçar em grupo, revelou uma nova investigação.

De acordo com o novo estudo, cujos resultados foram esta semana publicados na revista Ecology and Evolution, a equipa observou, nas margens do rio Iriri, no estado brasileiro do Pará, enguias elétricas a trabalhar de forma coordenada para caçar pequenos peixes tetra.

Grupos de até 10 enguias, algumas das quais com mais de 1,20 metros de comprimento, foram observados a separar-se de forma periódica para formar grupos de caça cooperativos, semelhantes a matilhas de lobos ou grupos de baleias.

Depois de formados, os grupos cercavam as suas presas e lançavam ataques elétricos simultâneos, atordoando as suas presas até à submissão, explicam os cientistas.

Esta é uma descoberta extraordinária (…) Nunca nada semelhante a isto foi documentado em enguias elétricas”, afirmou C. David de Santana, investigador do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, nos Estados Unidos, e autor principal do estudo, citado em comunicado de imprensa.

O novo estudo surpreendeu os cientistas, uma vez que desconstrói a ideia de que estes animais são predadores exclusivamente solitários, abrindo também portas para novas questões sobre o tipo de vida destes peixes, que é ainda muito pouco conhecido.

“A caça em grupos é bastante comum entre mamíferos mas, na verdade, é muito rara entre os peixes. Existem apenas nove outras espécies de peixes conhecidas que exibem este comportamento, o que torna esta descoberta realmente especial“, disse.

Santana tem levado a cabo uma série de investigações que têm produzido mais conhecimento sobre a vista dos peixes elétricos da América do Sul. As suas expedições nas águas do Amazonas e dos seus afluentes revelaram 85 novas espécies de peixes elétricos.

Uma das espécies descoberta por Santana em estudos anteriores foi a enguia elétrica de Volta (Electrophorus voltai), capaz de produzir choques de 860 volts – a descarga elétrica mais forte entre todos animais da Terra e 210 volts superior ao recorde anterior.

“Se pensarmos bem, um indivíduo desta espécie pode produzir uma descarga elétrica de até até 860 volts, então, teoricamente, se 10 destes espécimes descarregassem um choque ao mesmo tempo, poderiam produzir até 8.600 volts de eletricidade. Essa é a proximamente a voltagem necessária para alimentar 100 lâmpadas”, rematou.

Sara Silva Alves, ZAP //

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