“Isso passou à história”. Cientista britânico diz que a Ómicron “não é a mesma doença” das anteriores vagas de covid-19

Andy Rain / EPA

Especialista concorda com o Governo britânico em não decretar medidas adicionais para os festejos de Ano Novo, algo que a comunidade científica tem retaliado.

Para John Bell, professor de medicina da Universidade de Oxford e um dos conselheiros do governo de Boris Johnson para matérias relacionadas com as ciências da vida, a atual onda de covid-19 motivada pela variante Ómicron é em tudo diferente das anteriores, pelo que não se registarão taxas de letalidade como as registadas anteriormente naquele país.

O especialista diz ainda que apesar de as hospitalizações terem aumentado nas últimas semanas — motivadas precisamente pela maior transmissibilidade da nova estripe —, a atual forma da doença “parece ser menos severa e muitas pessoas tendem a passar relativamente pouco tempo nos hospitais”.

Simultaneamente, acrescenta, há menos doentes a precisar de grandes níveis de oxigénio e a o tempo médio de hospitalizações tem vindo a diminuir para três dias, ressalva Bell.

Esta não é, ainda assim, a visão de outros cientistas, que têm criticado o governo britânico por não implementar mais restrições para as celebrações de Ano Novo, de forma a evitar que o número de infeções atinja novos recordes — à semelhança do que já tem acontecido nos últimos dias.

No país fala-se mesmo na “maior divergência entre a comunidade científica e os legisladores desde o início do pandemia”.

Da parte dos especialistas, o argumento é o de que, perante a maior transmissibilidade evidenciada pela variante Ómicron, o número de hospitalizações e mortes vão subir rapidamente caso não haja uma intervenção das autoridades.

Chris Hopson, um dos responsáveis pelo Serviço Nacional de Saúde britânico, admitiu que não é claro, à luz da situação atual, o que poderá acontecer quando os níveis de casos comecem a atingir a população mais velha. “Tivemos muitas reuniões intergeracionais no Natal, por isso estamos à espera de ver, mas certamente iremos ver um grande aumento no que respeita a doentes a chegarem ao hospital com formas mais graves e severas da doença causadas pela Ómicron”, reconheceu numa entrevista à estação de rádio da BBC.

Outro dos impactos da maior transmissibilidade da Ómicron poderá fazer-se sentir nas baixas entre profissionais de saúde, um cenário que já é visível no Reino Unido, com os especialistas a preverem que 40% dos trabalhadores desta área na área de Londres possam ter que ficar em casa, num dos cenários mais graves.

No entanto, esta é uma possibilidade que John Bell rejeita. “O cenário horrível que vimos há um ano com os cuidados intensivos, muitas pessoas a morrer prematuramente, isso passou à história, na minha opinião, e acho que devemos ter a certeza que assim continua”.

O especialista disse ainda que ao longo das múltiplas ondas de covid-19, incluindo as provocadas pela variante Delta e a Ómicron, “a incidência das formas de doença mais severas e as mortes provocadas pela doença praticamente não se alteraram, visto que todos se vacinaram“, afirmou, citado pelo The Guardian.

Para Bell, através da sua perceção após alguns passeios pelas ruas britânicas, é claro que as pessoas têm sido “muito responsáveis” no que respeita a protegerem-se do vírus.

ZAP //

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